A Favorita (“The Favourite”)

Inspirada em uma história real, esse drama contemporâneo dirigido por Yorgos Lanthimos de “O Lagosta” mostra como o reinado da Rainha Anne da Inglaterra (Olivia Colman de “Assassinato no Expresso do Oriente”) é afetado com a chegada de Abigail (Emma Stone de “Guerra dos Sexos”) que de mera servente passa a disputar com a amiga e amante da rainha Lady Sarah (Rachel Weisz de “Desconhecida”) a sua preferência.

O diretor sabe muito bem engendrar esse jogo de intrigas que toma força pelo fato de não existirem mocinhas ou heroínas: Abigail não tem nenhum escrúpulo para fazer o que for preciso para chegar ao topo, enquanto Lady Sarah é uma arrogante controladora que não hesita em humilhar que está abaixo para ganhar poder frente ao trono.

O quebra cabeças com mais peças querendo o pedaço de bolo é bem amarrado pelo roteiro, mas é Olivia Colman, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por esse filme, que se destaca, pois ela interpreta com uma naturalidade incrível a rainha louca, como era chamada, mas que sofria de depressão e gota, além de ser bissexual (algo escondido, mas natural naquela época) e declaradamente ser uma monarca que caiu de paraquedas. Ou seja, são muitas as nuances de personalidade que Colman devora tranquilamente para entregar uma performance impecável.

Yorgos Lanthimos continua com seu estilo peculiar de filmagem até abusando de lentes olho de peixe em muitas de suas cenas, o que dá um efeito peculiar, mas ao mesmo tempo, meramente estético. Tanto que as transições nem sempre são editadas da melhor forma. Seu diferencial está mesmo na condução da trama que, a cada capítulo parece elevar o nível de criticidade no relacionamento entre as três personagens principais, chegando num interessante clímax final onde fica subjetivo entender quem levou a melhor.

A Favorita” junta história, condução e atuação dentro de um contexto histórico que cria uma ótima tensão e não deixa de ser um interessante estudo das relações humanas.

Curiosidades:

– Pela falta de budget, todas as roupas foram feitas do zero por tecido e materiais recicláveis. Inclusive, algumas roupas eram desfeitas e refeitas de forma diferente para outras cenas.
– Olivia Colman ganhou 16kg para fazer o papel da Rainha Anne.
– O figurinista também estava cuidando das roupas de “O Retorno de Mary Poppins” que estava sendo filmado no estúdio ao lado.
– Apesar de ser baseado em fatos reais, houve muitas licenças poéticas: quando a verdadeira Abigail chega no castelo em 1704, a Rainha ainda era casa e com filho até 1708 seu marido e filho morrem e foi quando a depressão e os ataques de gota começaram. Ou seja, Abigail ficou por anos como mera servente, até começar a ganhar um status maior.
– Lady Sarah, Duquesa de Marlborough tem seu nome verdadeiro como Sarah Churchill. Ela é ancestral ao ex Primeiro Ministro Britânico Winston Churchill e à própria e saudosa Princesa Diana. Inclusive a cena em que Sarah fala para Abigail que ela não venceu é uma analogia feita pelo roteiro com o fato de seus descendentes foram extremamente importantes e relevantes para a sociedade mundial, enquanto os de Abigail caíram no esquecimento.
– Outra coisa que o filme não menciona é que Abigail, além de prima de Lady Sarah era prima de Harley, opositor de Sarah e interpretado por Nicholas Hoult de “Busca Sem Limites”.
– Nicholas Hoult inventava nomes para todas as suas perucas.
– Todas as 3 personagens principais vomitam em algum momento do filme.

Ficha Técnica

Elenco:
Olivia Colman
Rachel Weisz
Emma Stone
Nicholas Hoult
Jennifer White
Lilly-Rose Stevens
Denise Mack
James Smith
Mark Gatiss
Edward Aczel
Carolyn Saint-Pé

Direção:
Yorgos Lanthimos

Produção:
Ceci Dempsey
Ed Guiney
Yorgos Lanthimos
Lee Magiday

Fotografia:
Robbie Ryan

Trilha Sonora:
Komeil S. Hosseini

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