Talvez esse seja o filme mais diferente de toda a saga cinematográfica dos X-Men. Uma das grandes qualidades de todos os outros filmes é que os conflitos que geravam os eventos eram baseados unicamente na história dos personagens que faziam parte do, digamos, círculo principal. Até mesmo os ditos vilões de fora eram quase coadjuvantes se comparado aos nossos heróis e aos – porque não dizer – nossos vilões, como Magneto. Este é a primeira história que, apesar de continuar com a saga dos personagens, tem um vilão que realmente é externo a qualquer conflito anterior.
Depois dos acontecimentos de “Dias de um Futuro Esquecido”, a única coisa que sabemos do futuro é que Wolverine vai acordar na escola do Professor Xavier com Ciclope e Jean Grey vivos e juntos. Só que até lá, ele próprio mudou a linha dos acontecimentos o que – espertamente escrito pelos roteirista – deu um reboot na série.
Eis que vemos o mutante Apocalipse (Oscar Isaac de “Star Wars – O Despertar da Força”) despertando de um sono milenar e recrutando outros mutantes para serem seus Cavaleiros do Apocalipse (sacaram?), incluindo Magneto e até mesmo a jovem Tempestade (a linda Alexandra Shipp de “Straight Outta Compton: A História do N.W.A.“), que começa sua saga aqui como uma pequena ladra. Então Xavier e sua equipe, incluindo os ainda adolescentes Ciclope e Jean Grey deve achar uma maneira de parar o implacável e aparentemente invencível mutante.
Com mudanças sensíveis na linha do tempo, Brian Singer consegue a proeza de – com um furinho lá e outro cá – direcionar a série justamente para seu início há 15 anos atrás e ao mesmo tempo para o seu fim no desfecho de “Dias de Um Futuro Esquecido”. Aqui vemos principalmente os personagens centrais como Xavier e Magneto atingirem praticamente o ápice de seus poderes (a batalha mental com Xavier ilustra algo que os fãs dos quadrinhos vão adorar). Além disso, a Jean Grey jovem (Sophie Turner, a Sansa Stark de “Game of Thrones”) não só mostra a que veio como praticamente faz um vínculo perfeito com os acontecimentos da trilogia anterior.
O vilão Apocalipse finalmente se mostra um grande páreo para os X-Men e o roteiro põe a questão da dominação do mundo algo mais realista, é claro, dentro do contexto do filme. Não sei se notaram, a outra personagem principal que quase assume o protagonismo por causa de seu brilho em seus últimos filmes, Jennifer Lawrence, assume em Mística praticamente a mesma personalidade de Katniss Everdeen de “Jogos Vorazes”. Eu já estava aguardando a Mística levantar os três dedinhos e fazer um crossover de filmes. O discurso dela no desfecho e seus próprios maneirismos parecem ter sido tiradas da outra série.
Os efeitos especiais também são destaque: a primeira cena é uma das melhores do filme e a sequência do resgate quando Quicksilver mostra seus poderes sempre de maneira bem humorada é sensacional.
Com uma cena depois dos créditos que deve deixar os desavisados com a pulga atrás da orelha, “X-Men: Apocalipse” pode não ser o melhor da série, mas ainda assim é um filmaço e fecha a trilogia dignamente. Pra repetir!
Curiosidades:
– Significado da cena após os créditos (SPOILER – passe o mouse para ler): Vemos executivos de uma tal Essex Corp coletando amostras do sangue do Wolverine. O que nem todo mundo sabe é que o dono dessa empresa é Nathaniel Essex, conhecido vilão dos X-Men nos quadrinhos como Sr. Sinistro. Ele busca ter o poder de todos os mutantes através da coleta de seu DNA (por sinal até meio que parecido com o objetivo do Apocalipse, só que de outra forma). Rumores dizem que essa é a introdução para Wolverine 3, sendo este seu arqui-inimigo no filme.
– Significado do desfecho de Apocalipse (SPOILER – passe o mouse para ler): Prestes a morrer se desfazendo pelo poder da mente de Jean, Apocalipse pronuncia uma frase que antevê que ela será a responsável pela quase destruição do mundo, o que aconteceu nos quadrinhos e em “X-Men: O Confronto Final” (se bem que esta realidade pode não mais existir de acordo com o reboot).
– Significado do desfecho de Psylocke (SPOILER – passe o mouse para ler): ela está cogitada para um spin-off do X-Men, pois nos quadrinhos ela forma um novo grupo chamado Força X (ou X-Force).
– (NOVO) Significado do desfecho do Professor Xavier (SPOILER – passe o mouse para ler): O Professor Xavier perde seus cabelos no momento da transferência de “alma” do Apocalipse (e convenhamos, não haveria de ter outra explicação depois disso). Significa que desde o primeiro filme dos X-Men, na linha do tempo, o confronto com Apocalipse já havia acontecido, por mais que na realidade anterior a “Dias de um Futuro Esquecido” deve ter sido diferente, por exemplo: sem o Noturno ou até mesmo com a Mística do lado do mal. Fosse como foi, de qualquer forma eles conseguiram deter o Apocalipse.
– Furos de roteiro:
(1) (NOVO) –> Em X-Men: O Confronto Final, o professor Xavier já careca encontra pela primeira vez Jean Grey. Em Apocalipse, Jean Grey já era estudante antes da escola de mutantes antes de Xavier perder seus cabelos. Por mais que a linha do tempo tenha mudado, é pouquíssimo provável que os dois eventos poderiam existir. Ou seja, foi uma forçada de barra do roteiro.
(2) –> Seria impossível o Arcanjo ter aquela idade na década de 80, visto que ele tem praticamente a mesma idade do personagem interpretado por Ben Foster na trilogia antiga que se passa em 2000.
– Na primeira luta do Arcanjo, ele derrota o mutante Blob, visto no filme X-Men Origins – Wolverine.
– No filme, Alex Summers (Destrutor) é mais velho que Scott Summers (Ciclope). Nos quadrinhos é o inverso.
– Pra finalizar isso:
Ficha Técnica
Elenco:
James McAvoy
Michael Fassbender
Jennifer Lawrence
Nicholas Hoult
Oscar Isaac
Rose Byrne
Evan Peters
Josh Helman
Sophie Turner
Tye Sheridan
Lucas Till
Kodi Smit-McPhee
Ben Hardy
Alexandra Shipp
Lana Condor
Direção:
Bryan Singer
Produção:
Simon Kinberg
Lauren Shuler Donner
Bryan Singer
Fotografia:
Newton Thomas Sigel
Trilha Sonora:
John Ottman
