Depois dos filmes de serial killer terem esgotados os tipos de assassinos possíveis e imagináveis, eles começaram a explorar um pouco mais a natureza das vítimas. Por exemplo, o sensacional “Os Olhos de Júlia” com uma mulher quase cega e agora este “Hush” pelo menos bom onde Maddie (Kate Siegel de “O Espelho”) é uma escritora que vive numa casa isolada no campo (sério?) e é confrontada com um assassino mascarado.
O diretor Mike Flanagan (marido da protagonista na vida real e que também fez “O Espelho”) consegue explorar muito bem o primeiro ato, principalmente revezando do ponto de vista de terceira pessoa (com todos os sons à mostra) e do ponto de vista de Maddie (praticamente sem som) o que dá ao espectador a impressão de que as situações de gato e rato seriam tão bem exploradas quanto. Mas a coisa não foi bem assim.
Ok, o filme é rapidinho (menos de 80 minutos) e não deixa o espectador cansado. Mas o segundo ato praticamente não leva em conta a surdez da nossa heróina nem como vantagem ou como desvantagem, colocando a produção num patamar muito parecido com qualquer outro exemplar do gênero, a não ser o minimalismo a que se propõe.
Outra incógnita é o assassino: mesmo que suas motivações não precisem ser explicadas, o modus operandi dele não faz muito sentido (porque esperar tanto se sabemos de antemão a facilidade com ele mata suas vítimas? – Não é spolier). Até o fato dele tirar a máscara antes da metade da projeção, apesar de ser compreensível, tira muito da tensão causada pela impessoalidade do psicopata.
Mesmo com essas irregularidades, o terceiro ato consegue recuperar um pouco das melhores qualidades do filme e o desfecho é, no mínimo consistente. “Hush” é cheio de altos e baixos, mas os altos são bons e os baixos são rápidos.
Ficha Técnica
Elenco:
John Gallagher Jr.
Kate Siegel
Michael Trucco
Samantha Sloyan
Emma Graves
Direção:
Mike Flanagan
Produção:
Jason Blum
Trevor Macy
Fotografia:
James Kniest
Trilha Sonora:
The Newton Brothers