Leigh Whannell é o grande parceiro e discípulo de James Wan e juntos criaram duas das maiores sagas de terror do cinema contemporâneo: “Jogos Mortais” e “Sobrenatural”.
Depois ele começa a navegar em voo solo, nos cinemas agora com o excelente “O Homem Invisível” e ainda desconhecido por aqui o ainda melhor “Upgrade”. Nessa ação futurista B, ele conta a história de Grey (Logan Marshall-Green de “Dinheiro Sujo”) um mecânico que perde a esposa numa emboscada e fica tetraplégico.
Eis que aparece um misterioso cientista (Harrison Gilbertson de “Campo do Medo”) que implanta um chip poderoso que faz Grey ter habilidades especiais e que também se comunica com ele. Então Grey e Stem (sim, o chip tem nome) vão atrás de todos aqueles por trás da morte de sua esposa.
Como é um filme de baixo custo, o diretor soube ambientar esse futuro numa realidade próxima da nossa (talvez até com uma previsão a curto prazo melhor do que de muitos futurologistas de plantão) com detalhes tecnológicos interessantes e que chamam atenção. Só que bem mais do que isso, há um roteiro craque que pega os clichês de filmes de ação e os transforma a favor da abordagem utilizada para conter pequenas reviravoltas até o ótimo clímax que sai totalmente dos lugares comuns.
As cenas de ação são muito bem boladas e conduzidas: as câmeras focam na movimentação do protagonista para dar uma sensação que lembra bastante “Matrix” e a atuação é muito bem coreografada. Para se ter uma ideia do quão minucioso foi a preparação, o espectador nem nota, mas em várias cenas, como o chip controla os movimentos do pescoço de Grey pra baixo, muitas vezes a mão dele pega no próprio rosto para que ele se desvie de um golpe. Pensar nos detalhes é sempre um diferencial.
Destaque para a própria abertura que já dá o tom peculiar por ser “narrada” (quem ver, entenderá).
“Upgrade” é pura ação inteligente no corpo de um filme B, o que prova que a inteligência e criatividade muitas vezes superam um grande budget.
Curiosidades:
– Nas cenas de luta, o ator vestia um sensor que fazia as câmeras automáticas seguirem seu posicionamento, dando um ótimo efeito.
– Na entrada do prédio do hacker Jamie, o nome dele está escrito J. Wan, como homenagem ao amigo James Wan.
– O chip Stem roda em Linux.
– A palavra Stem (nome do ship) significa voz em alemão.
– Dá pra saber que o filme se passa em 2046 porque na certidão de óbito da esposa de Grey, diz que ela nasceu em 2008 e tinha 38 anos quando morreu.
Ficha Técnica
Elenco:
Logan Marshall-Green
Melanie Vallejo
Harrison Gilbertson
Benedict Hardie
Simon Maiden
Steve Danielsen
Abby Craden
Richard Cawthorne
Christopher Kirby
Richard Anastasios
Kenny Low
Linda Cropper
Betty Gabriel
Emily Havea
Ming-Zhu Hii
Direção:
Leigh Whannell
Produção:
Jason Blum
Kylie Du Fresne
Brian Kavanaugh-Jones
Fotografia:
Stefan Duscio
Trilha Sonora:
Jed Palmer