Um Estado de Liberdade (“Free State of Jones”)

https://www.youtube.com/watch?v=nEQpUt7FwKA

Baseado numa história real contada no livro homônimo de Victoria Brum, a obra nos conta a história de Newton Knight (Matthew McConaughey de “Killer Joe – Matador de Aluguel”) que participava da Guerra de Secessão que dividiu o sul e o Norte dos EUA. Ele lutava ao lado dos confederados (sul), mas se desiludiu por causa das práticas abusivas de seu exército, tendo como gatilho a morte de seu sobrinho. Então ele foge para um pântano onde se encontram escravos e fugitivos e organiza uma milícia para combater os confederados e acaba tendo mais adeptos e conquistando um terreno maior, tornando-se além de foragido, um criminoso para as forças armadas do sul.

Dirigido por Gary Ross (“Jogos Vorazes”), a produção é conduzida de maneira didática e une grandes performances – McConaughey está excelente – a um roteiro que foge do lugar comum e evita glamourizar uma história cujo desfecho é tão dúbio a ponto do espectador entender até onde o ser humano consegue descer por uma ideologia e até onde temos que defender o coletivo ou abrir mão deste para um bem estar individual. O próprio protagonista não é desenhado como um herói, às vezes tomando atitudes tão baixas quando seus inimigos, desenhando uma tênue linha entre os dois lados, por mais que entendamos que a luta de Knight é mais digna.

Por outro lado há um problema de roteiro e um problema da história. Sobre a história (menos culpa do filme e mais culpa dos fatos em si), é que a luta do protagonista abrange várias frentes, desde a linha principal da guerra, a qual vai mudando para várias outras linhas, como o racismo (e o surgimento da Ku Klux Klan), a defesa da família, entre outras. Essa multifuncionalidade história acaba desviando a atenção do público e diluindo a força da narrativa, mesmo que seja assertiva em termos históricos.

O problema do roteiro é que, como se já não bastasse tantas pequenas histórias em uma, ele ainda acrescenta uma trama passada décadas depois sobre um descendente de Knight que, em teoria, tenta dar relevância ao tema do racismo, mas para o filme sua contribuição não é apenas, nula como atrapalha todo o resto da narrativa e diminui a participação de atores que poderiam e deveriam ter mais importância.

Destaque para os aspectos técnicos, isto é, cenografia, figurino com reconstituição de época e costumes irrepreensíveis, além das cenas de ação com todo o tom de realidade e, finalmente, a trilha cativante e emocionante do desconhecido Nicholas Britell junto com a canção I’m Crying de Lucinda Williams (atenção Oscar).

Um Estado de Liberdade conta com um elenco irrepreensível, uma história emocionante e pesada que sai dos clichês, mas que a partir do segundo ato começa a atirar para tantos lados que fica difícil manter a unidade.

Curiosidades:
– A Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra de Secessão ou Guerra Civil dos Estados Unidos (ver os nomes atribuídos ao evento), foi uma guerra civil travada entre 1861 e 1865 nos Estados Unidos, depois de vários estados escravagistas do sul declararem sua secessão e formarem os Estados Confederados da América, conhecidos como “Confederação” ou “Sul”. Os estados que não se rebelaram ficaram conhecidos como “União” ou simplesmente “Norte”. O conflito teve sua origem na controversa questão da escravidão, especialmente nos territórios ocidentais.
– Isso inclusive nos faz pensar que , em termos cinematográficos, tudo o que foi visto em “Lincoln” de Steven Spielberg foi mais pra inglês ver. Em termos históricos Lincoln aboliu a escravidão de direito, mas nunca de fato, cuja segregação se estendeu até meados do século passado e até hoje a questão do racismo permanece atual.
– A autora do livro e três parentes do verdadeiro Newton Knight fazem aparições como figurantes.

Ficha Técnica

Elenco:
Matthew McConaughey
Gugu Mbatha-Raw
Mahershala Ali
Keri Russell
Christopher Berry
Sean Bridgers
Jacob Lofland
Thomas Francis Murphy
Bill Tangradi
Brian Lee Franklin
Kerry Cahill
Joe Chrest
Jessica Collins
Donald Watkins
Jill Jane Clements

Direção:
Gary Ross

Produção:
Jon Kilik
Gary Ross
Scott Stuber

Fotografia:
Benoît Delhomme

Trilha Sonora:
Nicholas Britell

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