O título não faz jus ao filme que, é bem melhor, que essa tradução genérica poderia sugerir. Ao invés de contar a história da Banda The Beach Boys que foi uma das grandes influência da cultura dos anos 60 e 70 (Surfin’ USA é um de seus clássicos), a produção fala da difícil jornada de seu líder Brian Wilson, um gênio da engenharia musical com ouvido absoluto e fortes traços de autismo, que entra numa espiral de drogas e pressão que o levou a um colapso nervoso, até muitos anos depois quando encontra o amor.
É passado em dois momentos distintos: no auge da banda, onde é interpretado por Paul Dano de “A Juventude”; e no futuro personificado com maestria por John Cusack de “Conexão Mortal”, que há muito não mostrava a que vinha. Aliás, um dos grandes préstimos do filme é mostrar que Cusack, apesar de ter sido relegado a filmes B nos últimos anos, está em plena forma como ator e dá um show ao lado de seu par do passado Paul Dano.
Esses momentos se revezam, sendo que no primeiro momento o espectador vê os eventos em terceira pessoa só que na visão do próprio Brian, enquanto no segundo momento os eventos são vistos na visão do interesse amoroso do Brian mais velho, Melinda (Elizabeth Banks de “As Panteras”), até um desfecho que vai unir passado e futuro numa mensagem forte de superação. O melhor é que a superação está longe de ser piegas, e mais: acompanha a trilha dos próprios The Beach Boys numa seleção e combinação de áudio e vídeo que só o craque produtor musical Atticus Ross de “As Ondas” poderia fazer.
O roteiro parece uma tradução poética daqueles momentos, mas quem dá vida aos seus movimentos é o elenco, cujos principais já foram citados, mas ainda há uma menção especial ao sempre talentoso Paul Giamatti de “Romeu e Julieta” no papel do doutor / empresário Eugene, que cuida do Brian já adulto.
“The Beach Boys: Uma História de Sucesso” tem mais relevância artística do que a sua própria história conta, mas tem um desfecho arrebatador com direito a show do próprio Brian Wilson onde se percebe as cicatrizes do seu passado e a grande marca de superação.
Curiosidades:
– Paul Dano teve que engordar tanto para o papel que num jogo de basquete com amigos, rompeu o ligamento do joelho.
– O Brian Wilson real assistiu ao filme e teve um episódio psicótico nas cenas de Paul Giamatti e chegou a pensar que ele era o verdadeiro doutor que o maltratava.
– Paul Dano que já tocou numa banda dava instruções reais aos músicos nas cenas do estúdio, sendo que foram contratados músicas de verdade, e não atores. Houve muita improvisação.
– Há um pedaço da história que não é mostrada, que é o fundo do poço onde Wilson chegou a passar 2 anos sem sair da cama. Decidiram cortar porque ia alongar bastante o filme e pela decisão artística de deixar essa fase para que o espectador imaginasse. Ainda assim quando foi considerada o ator escolhido para fazer seria Philip Seymour Hoffman que na época das filmagens ainda estava vivo. Ele morreria quase um ano depois de overdose de heroína.
– Há uma cena em que o pai de Brian diz que a banda rival Sunrays atingiria o primeiro lugar das paradas americanas. O posto mais alto que eles chegaram foi a número 51.
– Os momentos retratados no filme se passam nos anos de 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1986 e 1987.
– Paul Dano aprendeu a tocar piano para o filme.
– Love & Mercy (o título original) é o título de uma música de Brian Wilson no álbum que ele fez em 1988. Há uma cena em que ele aparece tentando compor uam das músicas do álbum junto com o Dr. Eugene (personagem de Giamatti).
Ficha Técnica
Elenco:
Paul Dano
John Cusack
Elizabeth Banks
Paul Giamatti
Jake Abel
Bill Camp
Kenny Wormald
Brett Davern
Graham Rogers
Erin Darke
Joanna Going
Nick Gehlfuss
Mark Linett
Johnny Sneed
Gary Griffin
Direção:
Bill Pohlad
Produção:
Bill Pohlad
Claire Rudnick Polstein
John Wells
Fotografia:
Robert D. Yeoman
Trilha Sonora:
Atticus Ross