Há filmes que parecem ter sido feitos sob medida para críticos mais aplumados que conseguem achar profundos significados nas abstrações mais apopléticas. Mas até nelas há arte. E entre erros e acertos, “Sr. Ninguém” quase decola. Quase.
Jared Leto de “Capítulo 27” é Nimo Nobody (daí vem o nome Ninguém) que, num futuro próximo e com 118 anos é o último ser humano mortal na face da Terra, onde os seres humanos aprenderam a ter a imortalidade. Próximo da morte, ele é confrontado com suas confusas lembranças que o levam a experimentar diferentes vidas como se pudesse ter tido uma segunda chance para suas escolhas.
Apesar de claramente um drama independente, o apuro técnico do cineasta belga Jaco Van Dormael faz com que as necessidades de efeitos especiais e design de produção sejam atendidas como se fossem da mais alta qualidade. Além disso, percebe-se um elenco de primeira até mesmo no nível de coadjuvantes.
Infelizmente, comete-se aqui o mesmo erro de “A Fonte da Vida“: o filme segue uma determinada linha de raciocínio que, mesmo fazendo de tudo para tornar o entendimento do espectador um desafio, ainda é possível acompanhar. Mas no fim do segundo ato, essa linha lógica é quebrada e tudo aquilo que poderia ser suposto racionalmente cai por terra.
O que já era difícil de acompanhar, pois além de confuso, é uma maratona de 141 minutos, torna-se quase inviável, fazendo um longa se transformar em apenas uma colagem de bonitas imagens sem significado já que se perde o sentido e se abre espaço para tantas interpretações que provavelmente pouca gente se dará ao trabalho de escolher uma.
Friamente falando, “Sr. Ninguém” prometia contar uma linda história e se contentou apenas com lindas tomadas. E gostar daquilo que não faz o menor sentido, não é gostar. Pena que, ao contrário do protagonista, não dá pra voltar no tempo e fazer a escolha de escrever um roteiro melhor.
Ficha Técnica
Elenco:
Jared Leto
Sarah Polley
Diane Kruger
Linh Dan Pham
Rhys Ifans
Natasha Little
Toby Regbo
Juno Temple
Clare Stone
Thomas Byrne
Audrey Giacomini
Laura Brumagne
Allan Corduner
Direção:
Jaco Van Dormael
Produção:
Bruce Anderson
Fotografia:
Christophe Beaucarne
Trilha Sonora:
Pierre van Dormael
Respostas de 11
O filme é cheio de referências, mergulha em teorias da física tanto diegéticamente como extra diegéticamente. Ficaria melhor entendê-lo se lesse ao menos um pouco sobre teoria das cordas. Pelo menos algumas páginas de Stephen W. Hawking* – Uma breve história do tempo. A película muitas vezes é uma “viagem” por este universo elegante que algumas das facetas de Nemo (quando cientista) explica (o final quando o tempo reverte, 11 dimensões possíveis, multiplas realidades, pq lembramos do passado e não do futuro?). Temos também teoria do caos (borboletas, brasileiro comendo ovo) explicado por Nemo quando bebê em OFF. O filme é então um convite para mergulharmos nestas teorias da Física que se confundem com Filosofia. Nos introduz, e espera de nós como especatadores ativos, sem alienação sensorial, que busquemos uma compreensão além do óbvio. Não quero nem começar a falar sobre o espetáculo técnico que este filme também nos traz em questão de fotografia e montagem (câmera dentro do espelho, mistura de maquete e set, perspectivas de dentro de uma fotografia). Então fica aí o convite. Não tente ver somente o que o autor quiz dizer. Crie sua interpretação. Vá além.
Um dos melhores e mais profundos da minha vida!
Talvez o critico em questão não tenha entendido a profundidade das coisas, ou as dezenas de lições q o filme nos tras…
Façam o seguinte (SPOILER, CUIDADO), assista o filme denovo com a perspectiva q tudo foi criado pelo personagem enqto ele estava em coma de seu acidente de moto…verá q tem sentido!
A genialidade do final do filme reside justamente no espaço aberto a múltiplas interpretações, que variam de acordo com a percepção de cada expectador. As linhas temporais que o longa cria não são mastigadas ao público, mas sim o convidam a usar também o cérebro para assistir ao filme, e isso é o que difere o cinema europeu dos blockbusters americanos. Isso e mais a fotografia impecável, a beleza e sutileza de cada cena, a trilha sonora e o roteiro brilhante, tornam esse um dos filmes mais originais da década. E ainda que não haja uma linha cronológica certa ou verdadeira, o filme transborda de poesia, sendo quase impossível uma pessoa que tenha um mínimo de vivência não se identificar com algum dos acontecimentos da vida de Nemo; seja os problemas com a mãe, a doença do pai, ou até mesmo o coração partido.
Ridícula essa crítica. O crítico é raso, e consequentemente a crítica também.
Concordo plenamente com a crítica. A interpretação do Dudu é tão legítima quanto qualquer outra, e é isso que torna o filme fraco do ponto de vista da ficção científica. Nenhuma teoria das supercordas, teoria do caos ou big crunch oferece qualquer explicação racional para a narrativa, só são misturadas como metáforas mesmo, na melhor das hipóteses. Além da fotografia belíssima, o filme se sustenta enquanto drama, mas não como ficção científica. Pior que ele, desse ponto de vista, só o Efeito Borboleta (muito efeito para pouca borboleta) e o non-sense Donnie Darko.
critica perfeita. somente os ”filosofos de plantão” gostaram do filme
O que entendi é que tudo o que se passa no filme sao apenas pensamentos do garoto de 9 anos que fica confuso se vai ou nao com a mae dele pra o trem.
Somos dois.
Gostei muito do filme,além de ser mto bonito, a genialidade de cada tomada, cada vida “paralela” de Nimo tornou o filme interessante em cada minuto, além de me cativar e me fazer pensar durante todo o filme de qual seria a verdadeira realidade. E finalmente, o final deixa muitas interpretações em aberto, deixando como verdade que cada escolha fará diferença. Cada um tem o seu gosto e ñ critico quem ñ gostou do filme, até concordo com algumas coisas q o crítico falou, mas acho q um embasamento com mais argumentos não seria nada mal
Tudo bem? Li sua crítica e devo comentar que acredito que você deve ter assistido o filme com sono ou sem muita atenção. O roteiro é milimétricamente amarrado. Todo filme faz sentido, desde o proposto no inicio (que nemo se lembra de tudo que vai acontecer) ate o fim do filme que deixa claro que tudo era uma colagem (como vc mesmo disse) das possibilidades decorrentes da decisão que ele deveria tomar no momento em que corria atrás do trem.
O filme menciona o big crunch (o retorno ao estado inicial anterior ao big bang) e o usa apenas como ferramenta pra que possamos voltar no tempo até o momento da decisão, momento esse que na verdade ficou congelado durante todo o filme.
Por favor me desculpe mas se todas as suas críticas seguem o padrão desta você só deveria escrever sobre filmes que gostou.
Ou você só ler críticas positivas dos filmes que gostou. É tudo uma questão de perspectiva, né?