O Mal que Nos Habita (“Cuando acecha la maldad”)

Esse terror argentino é ótimo e sinistro. Talvez mais sinistro do que ótimo. Sinistro não só pelo que mostra, com algumas das cenas no limiar do impensável, mas também da maneira crua e muitas vezes sem dar explicações como conta a história.

Os desconhecidos atores Ezequiel Rodríguez e Demián Salomón são respectivamente Pedro e Jimi, dois irmãos e humildes fazendeiros que ao descobrir um cadáver em suas terras, seguem o rastro e também descobrem que no sítio vizinho há alguém possuído por um espírito maligno. Ao tentar se livrar da pessoa, eles acabam libertando a entidade.

O roteiro tem o cuidado de mostrar quase tudo sob a visão dos dois irmãos – principalmente Pedro – que com sua inteligência limitada, não entendem bem o que está acontecendo. Assim, o próprio espectador é jogado na história sem que haja algum prólogo ou pista do que pode ser a tal entidade. Tanto que a história questiona apenas rapidamente se aquilo não é uma espécie de doença.

Na verdade essa possessão e tudo o que se sucede é tratado com as características de uma doença que vai se espalhando, só que sem necessariamente uma coerência que leve ao público intuir oque vem a seguir.

O filme já estabelece um folclore sobre a entidade de tal forma que alguns personagens conhecem até as regras sob a qual ela funciona (mesmo que no último ato, essas regras sejam meio que distorcidas). Cabe ao espectador engolir ou não, o que provavelmente vai dividir opiniões.

Para quem compra a idéia, o resto é só alegria (sem trocadilhos), pois as cenas de terror e violência são geniais e não poupam ninguém, principalmente crianças. O diretor Demián Rugna encontrou um equilíbrio perfeito para mostrar uma bárbarie sanguinária sem limites, mas com uma narrativa que ao mesmo tempo protege a visão do explícito.

Sendo de 2023, pode-se dizer sem medo de errar que a produção tem as melhores cenas de terror do ano, mesmo que não seja necessariamente o melhor do gênero. O desfecho é outro momento que tem leituras diferentes para diferentes públicos: acaba com um gostinho de “quero mais”, ao mesmo tempo em que deixa pontas soltas, inclusive sobre a jornada emocional dos dois irmãos.

O Mal que nos Habita” joga o terror na nossa cara sem dó nem piedade e também sem preocupação em se fazer entender. Talvez esteja à frente de seu tempo, mas se tiver uma segunda parte para explicar, todo mundo ganha.

Curiosidades:

  • O desfecho faz uma alusão à história de Caim e Abel, sobre Caim andar pela terra com a marca de seu feito na testa.
  • As 7 regras sobre possessão, segundo o folclore do filme são:
  1. Não use luz elétrica. As sombras atraem o mal.
  2. Fique longe dos animais.
  3. Não machuque os possuídos.
  4. Não pegue nada que os possuídos pertençam ou tenham tocado.
  5. Não chame o mal pelo nome.
  6. Não use armas de fogo.
  7. Não tenha medo da morte.

Ficha Técnica:

Elenco:
Ezequiel Rodríguez
Demián Salomón
Silvina Sabater
Luis Ziembrowski
Marcelo Michinaux
Emilio Vodanovich
Virginia Garófalo
Paula Rubinsztein
Lucrecia Nirón Talazac
Isabel Quinteros
Desirée Salgueiro
Federico Liss
Ricardo Velázquez
Jorge Prado
Diego Sampayo

Direção:
Demián Rugna

História e Roteiro:
Demián Rugna

Produção:
Fernando Díaz

Fotografia:
Mariano Suárez

Trilha Sonora:
Pablo Fuu

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