https://www.youtube.com/watch?v=Ca2mZoVB8qs
Taí um interessante filme de terror espanhol que foi com muita sede ao pote. Uma família se muda para um grande apartamento na década de 70 e a entidade que a habita não dá uma folga para os novos inquilinos numa sucessão de sustos até que ela consiga o que quer.
O diretor Albert Pintó se inspirou e quase copiou e colou a essência de dois clássicos: “Poltergeist – O Fenômeno” de 1982, pois a trama básica de acontecimentos é quase a mesma; e de “O Exorcista” de 1973, cujo final é praticamente análogo; enquanto os melhores sustos vieram sem dúvida da saga “Invocação do Mal”. A inovação e consequente boa reviravolta é o propósito do tal espírito e alguns aproveitamentos que o roteiro faz do que a estrutura do prédio mal assombrado pode oferecer.
Muitos dos sustos são bem feitos, mas o diretor parece ter um cacoete e uma fome de assustar que o fez colocar cenas de sustos a cada 2 ou 3 minutos, mesmo que sejam fajutos (ou seja, não tenha nada a ver com a assombração) e sempre se utilizando da mesma técnica: uma pavimentação da tensão para um corte rápido e um barulho para fazer o espectador pular da cadeira. Ele repete tantas vezes o artifício que o público começa a se acostumar, fazendo o tiro sair pela culatra.
Essa sede de assustar também faz com que as atitudes de alguns personagens sejam questionáveis, como por exemplo a lentidão com que eles se movimentam na hora do susto, levando a cena a passar do timing, ou então a falta de comunicação entre eles onde um simples diálogo poderia tê-los ajudado a resolver o mistério bem mais rápido.
Além da reviravolta, há alguns aspectos humanos que poderiam ter mais relevância como a relação entre o marido e a mulher (se piscar, perde o motivo) e até mesmo entre o espírito e sua história, o que é a melhor parte da produção.
“O 3º Andar” exagera na dose, mas entrega uma história consistente com menos furos que muito terror de nome por aí.
Curiosidade:
– A tradução literal do título em espanhol é “Rua Malasaña, 32”. Essa rua existe mesmo em Madri, mas sua numeração vai só até o número 30. O “32” foi proposital justamente para que uma possível residência não fique taxada de assombrada.
– O filme é uma co-produção entre Espanha e França, apesar de se passar todo na Espanha. Para homenagear a produtora francesa, o roteiro colocou um diálogo de um jogo onde a resposta no final da cena é Paris.
– Devido a seu porte físico bem alto e magro, o ator Javier Botet que aqui faz o papel da entidade sempre faz papéis de criaturas como em “Slender Man“, “Sobrenatural“, “REC“, “Invocação do Mal” e “Mama“. Aqui o diretor deu uma colher de chá pra ele e além da criatura, ele interpreta o corretor imobiliário que apresenta o apartamento à família (se vocês acharam o corretor sinistro, eu também!)
Ficha Técnica
Elenco:
Begoña Vargas
Iván Marcos
Bea Segura
Sergio Castellanos
José Luis de Madariaga
Iván Renedo
Concha Velasco
Javier Botet
María Ballesteros
Rosa Álvarez
Almudena Salort
Direção:
Albert Pintó
Produção:
Ramón Campos
Teresa Fernández-Valdés
Mercedes Gamero
Jordi Gasull
Pablo Nogueroles
Rosa Pérez
Pepe Torrescusa
Amaya Álvarez
Fotografia:
Daniel Sosa Segura
Trilha Sonora:
Frank Montasell
Lucas Peire