Segundo a física das partículas, o movimento browniano é justamente um movimento aleatório dessas partículas (sejam átomos, moléculas, etc) num fluido e que podem promover choques formando organizações caóticas ou semi-caóticas. E o que isso tem a ver com está produção holandesa onde uma mulher casada, mas com compulsão sexual, atrai machos decrépitos para um apartamento alugado para manter relações fulgazes? Muito pouco para estar como título, além de apenas despertar a curiosidade do espectador.
A bela atriz Sandra Hüller encarna com sensualidade e carisma o papel desta mulher e várias vezes encanta com seu nu, mas que no segundo ato é descoberta pelo marido e passa a fazer um tratamento que já no último ato a levará a Índia com a família e ao confronto definitivo com a sua condição enferma.
Apesar das cenas de sexo chocarem mais pela decadência dos parceiros que ela escolhe do que pela sua própria sensualidade, as melhores sequencias estão no segundo ato quando o diretor a confronta com a verdade e com seu marido através de longas tomadas de silêncios constrangedores nos momentos da terapia. O problema é que seus realizadores fizeram desse silêncio uma linguagem que perdura em quase toda a produção, tornando-a uma estética contemplativa e vazia como se na maioria das vezes fosse apenas um artifício para que ela conseguisse chegar ao patamar de seus longos 97 minutos. E não só a sua duração seria metade desse tempo se tirássemos a “gordura”, como o próprio conflito que é a força motriz do filme não tem a energia para capturar a atenção do público.
O tal movimento browniano é justamente a casualidade da condição humana que fica entregue a suas próprias enfermidades sem necessariamente uma relação de causa e consequência, muito menos explicação plausível, mas como um axioma de ser e estar e assim interagindo com outros num ciclo caótico.
Chega-se ao fim com um gosto amargo de frustração por uma premissa que mereceria um tratamento melhor tanto de roteiro quanto de direção. Condenado a virar um Corujão para pré-adolescentes curiosos sobre sexo começarem seus primeiros contatos.
Ficha Técnica
Elenco:
Sandra Hüller
Dragan Bakema
Sabine Timoteo
Ryan Brodie
Direção:
Nanouk Leopold
Produção:
Stienette Bosklopper
Fotografia:
Frank van den Eeden
Trilha Sonora:
Harry de Wit