Jennifer Garner parece ser a mãe preferida dos estúdios de Hollywood, pois 90% de seus últimos papéis foram exatamente os mesmos, vide “Não Olhe Para Trás”, “Alexandre e o Dia Terrível, Horrivel, Espantoso e Horroroso”, “Deslizando na Trapaça” e o sensacional “A Estranha Vida de Timothy Green”. Este último tem muito a ver com “Milagres do Paraíso”, pois de certa forma também lida com uma espécie de milagre.
Preparem os lenços, pois as lágrimas vão rolar. Baseado em uma história real de uma família no Texas, a produção fala sobre a filha do meio, Anna, que contrai uma doença gastro degenerativa que deve leva-la à morte e todos os esforços de seus pais para trata-la. Ainda assim, o tratamento é tão doloroso que a faz perder as esperanças. Até que ocorre um milagre.
Como é família é católica fervorosa, ocorrem vários questionamentos filosóficos com a figura de Deus. Por um lado, a obra fica com um pezinho daquele grupo de filmes que são pura propaganda religiosa como “Quarto de Guerra” e “Deus Não Está Morto 1 e 2” e em alguns aspectos, isso atrapalha um pouco a narrativa, pois a diretora Patricia Riggen (“Os 33”) fica entre a história e a panfletagem ideológica.
Por outro lado seu desfecho parece dar uma roupagem muito bonita para a fé por si só independente de credo, como pequenas coisas boas feitas por cada um de nós que se juntam para formar a felicidade na vida de alguém e sentir a presença de Deus nesses atos (e é a cena onde todos vão chorar rios). É o tipo de abordagem que parece muito com as utilizadas em adaptações de livros escritos por Nicholas Sparks.
Talvez pela experiência cinematográfica, Garner está incrivelmente bem no papel de mãe sofrida porém determinada, fugindo dos estereótipos, enquanto Kylie Rogers que interpreta Anna é um prodígio de atuação, sendo fofa, aparentemente frágil, mas com uma incrível força emocional.
“Milagres do Paraíso” é um filme feito pra chorar e consegue através da caixa de ferramentas (trama, elenco, tema, trilha) usada de forma correta e é recomendado, mesmo pisando em terreno delicado como a propaganda religiosa.
Curiosidades:
– Quando Queen Latifah entra em cena como uma garçonete, seu chefe é jocoso a chamando de Sua Majestade. O nome artístico da artista, Queen, é rainha em inglês.
– A personagem de Queen Latifah diz “Vocês ainda não me viram dirigindo”. Isso é uma referência ao seu filme “Táxi” de 2004, onde ela é uma motorista que quebra todas as regras.
Ficha Técnica
Elenco:
Jennifer Garner
Kylie Rogers
Martin Henderson
Brighton Sharbino
Courtney Fansler
Queen Latifah
Eugenio Derbez
Kelly Collins Lintz
John Carroll Lynch
Brandon Spink
Wayne Pére
Bruce Altman
Direção:
Patricia Riggen
Produção:
DeVon Franklin
T.D. Jakes
Joe Roth
Fotografia:
Checco Varese
Trilha Sonora:
Carlo Siliotto