Às vezes faz parte do trabalho e do jogo ver algumas roubadas. Mais do que isso: poder avisar para que cinéfilos incautos não caiam no erro de enxergar algo que não existe. É o caso desse filme feito por Guy Maddin, um cineasta especialista em fazer curtas metragens com mensagem e estética abstratas. O que funciona muito bem, pelo menos até o cara resolver fazer um filme de 94 minutos.
Nele o sumido Jason Patrick (lembram dele no clássico oitentista “Garotos Perdidos”?) é um mafioso que volta pra casa e se confronta com seus demônios em vários períodos do tempo, assombrado pelo espírito de si mesmo entre outros a cada cômodo que ele entra em sua casa.
Filmado todo em preto e branco, a produção é uma miscelânea de imagens e sons e textos jogados ao léu que deveriam supostamente construir uma narrativa de auto descobrimento e redenção para o protagonista. Só que o resultado nada mais é que uma desconexa combinação que, mesmo com um significado por trás, demora uma eternidade para se concretizar e, a não ser que o espectador tenha uma paciência de Jó, jamais vai se interessar pelos eventos que chegam depois de meia hora de filme.
Intervenções estético-narrativas mais que desnecessárias povoam a história como numa tentativa de esticar mais um de seus curtas metragens. Se há um sentido em “Keyhole”, este facilmente poderia ser contado em menos de meia hora. O resto é bobagem.
Ficha Técnica
Elenco:
Jason Patric
Isabella Rossellini
Udo Kier
Louis Negin
Brooke Palsson
Suzanne Pringle
David Wontner
Kevin McDonald
Daniel Enright
Theodoros Zegeye-Gebrehiwot
Brent Neale
Olivia Rameau
Claude Dorge
Direção:
Guy Maddin
Produção:
Jean Du Toit
Lindsay Hamel
Guy Maddin
Jody Shapiro
Fotografia:
Benjamin Kasulke
Trilha Sonora:
Jason Staczek