Baixou o Wes Anderson no Taika Waititi e deu super certo! Explico: o diretor Wes Anderson do sensacional “O Grande Hotel Budapeste” tem um estilo bastante peculiar de filmar e de desenhar personagens. Não sei se voluntariamente ou não, mas o diretor Taika Waititi que já nos brindou com o diferentão “Thor: Ragnarok” parece ter se inspirado em Anderson nessa estética e nesse desenho.
O roteiro é de um carisma e precisão incríveis: o ator mirim Roman Griffin Davis vive Jojo, menino alemão que, em plena Segunda Guerra Mundial é um apaixonado por Hitler e nazista de carteirinha (lembrando que ele tem apenas 10 anos). É tanto que o amigo imaginário dele é o próprio Hitler, vivido deliciosamente pelo próprio Taika Waititi. Eis que ele descobre que há uma menina judia (a também notava Thomasin McKenzie) escondida em seu sótão e que fora abrigada pela sua própria mãe (Scarlett Johansson de “História de Um Casamento” e então ele começa a viver um dilema se denuncia ela à Gestapo ou não.
É impressionante a maneira como o diretor equilibra a sátira com o drama. A comédia tem um humor afiadíssimo e piadas de gargalhar. Mas ao mesmo tempo o filme consegue passar o real sentimento de tragédia e deterioração humana formada pelo nazismo. Há uma cena de morte em particular que é uma das mais tristes e, ao mesmo tempo, mais sutis dos últimos tempos.
A caricatura dos personagens atinge o ponto ideal e as performances de seus intérpretes amplificam o resultado positivo: o menino Roman que vivi Jojo parece um veterano em sua caracterização; Johansson está maravilhosa e prova que existe muito mais além da sua Viúva Negra; Waititi é impagável como sempre; e ainda tem Sam Rockwell de “O Caso de Richard Jewel” que faz mais um memorável personagem cômico como o pouco ortodoxo instrutor do acampamento nazista para crianças.
“Jojo Rabbit” é um filme completo, cheio de carisma e humor com uma história original que mostra que nenhum tema pode ser tão batido sem que haja algum conteúdo ou abordagem nova para revigorá-lo. Imperdível!
Curiosidades:
– Na engraçadíssima porém tensa cena do “Heil Hitler”, a expressão é falada 31 vezes.
– A trilha que finaliza o filme é “Heroes” de David Bowie sobre dois amantes separados pelo muro de Berlim.
– O filme é falado em inglês, mas todas as placas e documentos que aparecem nele são escritos em alemão.
– Há um momento onde brincam com o bigodinho do Hitler. Hitler tinha um bigode cheio até a 1ª Guerra Mundial. Ele depois cortou seu bigode do jeito que fora imortalizado, pois tinha dificuldade de colocar máscaras de gás com o bigode cheio.
Ficha Técnica
Elenco:
Roman Griffin Davis
Thomasin McKenzie
Scarlett Johansson
Taika Waititi
Sam Rockwell
Rebel Wilson
Alfie Allen
Stephen Merchant
Archie Yates
Luke Brandon Field
Sam Haygarth
Stanislav Callas
Joe Weintraub
Brian Caspe
Direção:
Taika Waititi
Produção:
Carthew Neal
Taika Waititi
Chelsea Winstanley
Fotografia:
Mihai Malaimare Jr.
Trilha Sonora:
Michael Giacchino