Grace de Mônaco (“Grace of Monaco”)

Hollywood adora falar de si mesma. Mesmo que seja travestido numa biografia baseada em fatos reais, mas que chega a ser tão fictícia que poderia ser chamada “Como a atriz de Hollywood Grace Kelly salvou Mônaco com seu jeito americano de ser”.

Nicole Kidman de “Antes de Dormir” interpreta Grace Kelly que deixa os holofotes de Hollywood para se casar com o Príncipe de Mônaco Rainier (Tim Roth de “Os Oito Odiados”) e lá sofre por estar numa cultura diferente e sem saber se realmente ama seu marido. Pra piorar, a França promove um embargo ao Principado de Mônaco em retaliação a não cobrança de mais impostos de seu povo para sustentar a guerra colonial entre os franceses e a Argélia.

Dirigido por Olivier Dahan que já fez outra biografia feminina, “Piaf – Um Hino de Amor”, a trama se divide em duas narrativas que se entrelaçam: a melhor é o drama vivido pela ex estrela de filmes que se sente presa a um mundo estranho e desta se tem os melhores momentos. O problema é quando o roteiro força a barra dando uma relevância à Grace que ela nunca teve, praticamente colocando em seus ombros o mérito das negociações com a França que, até mesmo para quem não conhece a história, soa implausível. Principalmente pelo fato de que a produção aponta cenas lúdicas como cruciais e se furta de mostrar os desdobramentos práticos do impasse francês, colocando até uma trama de espionagem que, mesmo se verdadeira, parece mal posicionada.

Se a história tem graves problemas, o mesmo não pode ser dito da plasticidade da obra: o início com a trilha de Christopher Gunning (também de “Piaf”) não só carrega o filme nas costas emocionalmente como se torna onipresente e ajuda até nas limitações da protagonista; o design de produção e cenografia são impecáveis e capturados com devoção e reverência pelo diretor de fotografia Eric Gautier (“Sob o Mesmo Céu”). E destaque para o sempre subestimado Tim Roth que faz de seu príncipe uma figura complexa, vulnerável e rouba todas as cenas, deixando Nicole Kidman quase a comer poeira se não fosse sua beleza estonteante (mesmo que por trás de muito botox).

Grace de Mônaco” teve seus bastidores problemáticos o que definitivamente contribuiu para uma história confusa e pouco acurada, mas não deixa de ter uma estética que remete aos anos 60 e alguns momentos que fizeram toda a diferença para o filme não afundar.

Curiosidades:
– O filme teve tantos problemas de divergências criativas que foram feitas 3 edições diferentes que passaram em cinemas e festivais: uma feita pelo diretor Olivier Dahan, uma feita pelo roteirista e produtor Arash Amel e outra feita pela produtora The Weinstein Company.
– Os descendentes de Grace e sua família disseram publicamente que o filme não demonstra uma visão acurada de nenhum dos fatos e que não tiveram nada a ver com a produção e até suas contribuições foram recusadas pelo diretor.

Ficha Técnica

Elenco:
Nicole Kidman
Tim Roth
Frank Langella
Paz Vega
Parker Posey
Milo Ventimiglia
Geraldine Somerville
Nicholas Farrell
Robert Lindsay
Derek Jacobi
André Penvern
Jeanne Balibar
Flora Nicholson
Yves Jacques
Olivier Rabourdin

Direção:
Olivier Dahan

Produção:
Arash Amel
Uday Chopra
Pierre-Ange Le Pogam

Fotografia:
Eric Gautier

Trilha Sonora:
Christopher Gunning

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