Primeiro que é um filmaço sobre depressão. Quase um tratado. A história real da jornalista Christine Chubbuck que na cidadezinha de Sarasota nos EUA da década de 70, é uma jornalista que busca ascensão profissional, mas vai se auto sabotando pela depressão. Como naquela época, o diagnóstico era mais difícil, sua vida vai se tornando uma espiral negativa.
Segundo que é uma das melhores atuações – senão a melhor – de Rebecca Hall (“Professor Masrton e As Mulheres Maravilhas“). Ela está impecável com os maneirismos, tiques e trejeitos de uma depressiva. Reparem como ela ainda anda meio arqueada como se houvesse um peso invisível sobre seus ombros. Mas o melhor é que mesmo num personagem tão pesado, Hall exala carisma de uma performance que certamente merecia indicações a prêmios.
O desconhecido diretor Antonio Campos (nome brasileiro, mas é americano) faz uma abordagem linear, honesta, ainda que às vezes um pouco engessada. O elenco também está muito correto, com destaque para o sempre bem composto Tracy Letts (“Indignação”) como o chefe de Chubbuck.
Tem um bom trunfo em todo o design de produção, cenografia e figurino para a reconstituição de época, não apenas visual, como também na atmosfera, principalmente do cenário da emissora onde a protagonista trabalha e na dinâmica entre personagens e efeitos técnicos para desenrolar a operação. Inclusive a câmera usa tons quentes e pastéis porque era moda na época.
“Christine” tem um desfecho poderoso que coroa o desempenho de Rebecca Hall e aponta o quanto a mão invisível da depressão pode ser perigosa desde sempre até os tempos atuais.
Curiosidades:
– O chefe da emissora ficava insistindo que todo mundo aprendesse a usar as novas câmeras Akai. Elas foram uma febre nos anos 80. A empresa faliu em 2001 e foi adiquirida por uma companhia chinesa e hoje se dedica a fabricar instrumentos musicais.
– A emissora em que Christine trabalhava era uma filial da Rede ABC americana. É um detalhe que não aparece para preservar a empresa.
– Coincidências: a dupla de atores principais dividem o mesmo sobrenome: Rebecca Hall e Michael C. Hall. Ambos tem cônjuges chamados Morgan. Por sinal Morgan era o sobre nome do icônico Dexter, interpretado pelo próprio Michael C. Hall.
– Repare que no poster do filme, o rosto de Christine ao vivo está sereno e na filmagem está apreensivo, mas o efeito é como se fosse no mesmo momento. Ótima sacada!
SPOILER!!! SÓ LEIA SE JÁ TIVER ASSISTIDO AO FILME!!!
– A filmagem do suicídio de Christine Chubbuck está bem trancado nos cofres da subsidiária da emissora onde ela trabalhava e a única cópia feita foi para a família. Como naquela época ninguém conseguia gravar direto da TV, não existe nenhum registro em qualquer outro lugar, muito menos online.
Ficha Técnica
Elenco:
Rebecca Hall
Michael C. Hall
Tracy Letts
Maria Dizzia
J. Smith-Cameron
Timothy Simons
Kim Shaw
John Cullum
Morgan Spector
Jayson Warner Smith
Kimberley Drummond
Lindsay Ayliffe
Susan Pourfar
Rachel Hendrix
Direção:
Antonio Campos
Produção:
Melody C. Roscher
Craig Shilowich
Fotografia:
Joe Anderson
Trilha Sonora:
Danny Bensi
Saunder Jurriaans