https://www.youtube.com/watch?v=qSukF1JcD4Y
Enquanto lá pelos idos de 2000 a Marvel começava a montar seu hoje multimilionário universo de heróis com “X-Men”, a DC Comics ainda se batia em contínuos remakes fraquinhos do Superman e Batman, o qual só veio acertar com a trilogia de Christopher Nolan tendo seu auge em “O Cavaleiro das Trevas” (depois de Tim Burton nos anos 90, é claro).
Após a boa recepção do remake de Superman em 2013 com o título de “O Homem de Aço”, finalmente caiu a ficha para a DC montar seu universo. A notícia boa é que ela deu os primeiros passos no cinema com “Batman vs Superman”. A notícia não tão boa é que no afã de montar rapidamente o quebra cabeça que a Marvel demorou mais de uma década pra consumar, tanto roteiristas quanto o diretor Zack Snyder que também dirigiu o antecessor do Superman se atropelaram e diminuíram uma obra que tinha um imenso potencial.
Inclusive parte de uma ótima premissa que muitos esquecem (mas que também vai ter em “Capitão América: Guerra Civil”): após a batalha de Superman com o Gerenal Zod no antecessor, milhares de pessoas morreram, inclusive muitos conhecidos de Bruce Wayne (numa cena eletrizante que a Jeep deve ter pago horrores de propaganda). O mundo então começa a se perguntar qual o direito do Superman e fazer aquilo que ele bem entende mesmo que seja em benefício da humanidade e que, com poderes assim, ele facilmente conseguiria destruir a Terra. E isso vai aos poucos alimentando o ódio de Wayne / Batman, aqui interpretado pelo ex-Demolidor Ben Affleck. Ao mesmo tempo, finalmente o vilão Lex Luthor (Jesse Eisenberg de “America Ultra: Armados e Alucinados”) é mostrado fazendo estranhas experiências com o claro objetivo de parar o Superman; e também conhecemos aquela que será a Mulher Maravilha – o que já tá no trailer, então não é spoiler – interpretada pela sensualíssima Gal Gadot da franquia “Velozes e Furiosos” que aqui desempenha apenas o papel de ser linda.
Os problemas começam logo no primeiro ato. O diretor Zack Snyder tem um apuro visual sensacional, vide “300” e “Watchmen”, mas simplesmente não conseguiu montar uma narrativa coesa. Ele pula entre várias subtramas com uma edição que perde constantemente o ritmo e muitas vezes até o sentido, o que cansa até o espectador mais disposto. Mesmo os novos e excitantes elementos são apresentados no meio da mistureba narrativa sem o devido destaque.
E na ânsia de contar pra todo mundo que estão construindo o universo DC, perde-se um tempo precioso com sonhos de Wayne (ou premonições?) que só devem se materializar em outras continuações, mas que mesmo servindo de prelúdio, em nada agrega na trama atual. Tanto que as informações reportadas não prestam nenhum serviço no filme, pendendo ser eliminadas facilmente.
Quanto ao elenco todos estão corretos e até Affleck não decepciona, mostrando um Batman já desgastado pelo tempo, como uma continuação direta daquela que já fora interpretado por Christian Bale. O Superman de Henry Cavill parece mais humano e complexo, mas é Jesse Eisenberg quem vai dividir opiniões abordagem bem diferente de Luthor tradicional, transformando-o praticamente no Coringa do Superman (será intencional?) com uma espécie de loucura encubada misturada com um anarquismo científico. Pena mesmo que os roteiristas não souberam esclarecer suas motivações, pois não parece que destruir o Superman apenas por destruir seja algo consistente e muito menos apanhar do pai o fez assim.
Com todos os problemas, há algumas cenas memoráveis como a do tribunal ou a retrospectiva da luta do Superman com Zod na visão de Bruce Wayne (como já citado), uma luta violentíssima de Batman com vários vilões (parte dela aparece no trailer) e claro, a derradeira batalha entre o Homem Morcego e o Homem de Aço, enquanto a Mulher Maravilha ainda aparece bem coadjuvante, mas pelo visto deve ser uma mistura de Capitão América e Thor da DC.
Um dos grandes trunfos da produção é nunca se limitar em mostrar a violência como ela realmente acontece, nem muito menos atenuá-la como em tantos outros exemplares do gênero. Só que mesmo dentro de boas sequencias, há algumas lacunas, como é o exemplo da própria luta que dá o título ao filme onde a força do Superman vai e volta (aparece no trailer também) e mesmo sabendo o motivo (isso não aparece no trailer) fica estranha a inconsistência. Mais absurdo ainda é descobrir que o Lex Luthor trabalha no marketing da DC Comics (só quem ver o filme vai entender).
“Batman vs Superman” tem todos os elementos dos grandes filmes de heróis, mas se perde num preciosismo quase infantil de querer ser além daquilo que é. Ficasse no arroz com feijão, sairia bem melhor.
Curiosidade: O melhor ainda é a paródia que o apresentador americano Jimmy Kimmel fez com os atores reais do filme! Veja abaixo a partir dos 3 minutos (infelizmente sem legenda):
Ficha Técnica
Elenco:
Ben Affleck
Henry Cavill
Amy Adams
Jesse Eisenberg
Diane Lane
Laurence Fishburne
Jeremy Irons
Holly Hunter
Gal Gadot
Scoot McNairy
Callan Mulvey
Tao Okamoto
Brandon Spink
Lauren Cohan
Direção:
Zack Snyder
Produção:
Charles Roven
Fotografia:
Larry Fong
Trilha Sonora:
Junkie XL
Hans Zimmer