Assassin’s Creed

Esse merece o Prêmio Resident Evil de adaptação de game mais bagunçada do ano. Nada conversa com nada. Não tem lé com cré. E dói saber que os roteiristas não se ativeram à cronologia dos games e criaram uma história própria, ou seja, eles poderiam ter feito qualquer coisa. Mas fizeram isso.

Michael Fassbender de “A Luz Entre Oceanos” é Callum que aparentemente é descendente dessa ordem dos Assassinos, a qual está numa batalha secular com a ordem dos Templários. Estes últimos querem uma tal maçã (aquela de Adão e Eva), pois com ela eles controlariam o livre arbítrio da humanidade (sim, é isso mesmo). Só que ele ainda não sabe disso e daí é dado como morto, mas levado pela cientista Sofia (Marion Cotillard de “Laços de Sangue”) para resgatar as suas memórias, pois seu ancestral foi o último a ter visto a tal maçã.

A máquina que faz essa “regressão” chamada Animus é uma graça: como se fosse um simulador de movimento misturado com Matrix, ela faz com que Callum transporte a sua mente para a longínqua 1492. Só não dá pra entender pra que essa máquina se só é necessário a mente do indivíduo, isto é, ele podia estar deitado que daria no mesmo (tem algumas desculpas esfarrapadas pra isso, mas não vem ao caso). Pior é todo mundo conseguindo ver a mente do assassino antigo como se fosse um participante do BBB. Pra completar é que a cientista vê tudo de um ângulo que não é em primeira pessoa, o que seria absurdo, visto que a memória é totalmente ligada à visão de quem a tem. Não é magia! É tecnologia!

Daí em diante, somos bombardeados com razoáveis cenas de ação, mas sem nexo algum. Assim… se eles queriam saber onde estava o artefato porque não transportaram o protagonista logo para “o finalmente” ao invés de fazê-lo passar por várias aventuras? E porque não descartaram os pacientes, provavelmente ancestrais de outros membros do clã dos assassinos, quando não precisavam mais deles? Mais inexplicável ainda é o início: porque alguém morreria por um segredo, mas deixaria outro personagem vivo para contar? Até a personalidade dos personagens – mocinhos, vilões e pseudo vilões – parece mudar sem nenhum motivo aparente. O desfecho ainda e mais absurdo e é bom saber que em pleno 2017 existe um guarda roupa completo para as vestimentas de 1492 (e não cola dizer que estava tudo no laboratório).

As próprias cenas de ação começam e terminam sem uma linha lógica aparente, a não ser daquilo que seja conveniente pensar, mesmo que, como já dito, as sequencias tenham uma ótima coreografia. No mais, a fotografia manjada e uma trilha sonora que mistura rock com sons orquestrados parece quebrar o clima logo no primeiro ato.

Assassin’s Creed” é um filme descerebrado que, sem saber o que fazer, joga ação na cara do espectador sem o mínimo compromisso com a lógica, coerência e consistência. Tempo perdido.

Curiosidades:
– Michael Fassbender é um dos produtores e escolheu pessoalmente o diretor Justin Kurzel e atriz Marion Cotillard com os quais trabalhou no filme “Macbeth: Ambição e Guerra”.
– 80% dos efeitos especiais do filme foram mecânicos, dispensando o CGI (digital).
– O pai de Callum em sua versão mais velha, é interpretado por Brendan Gleeson e na versão mais jovem, é interpretado pelo próprio filho do ator, Brian Gleeson.

Ficha Técnica

Elenco:
Michael Fassbender
Marion Cotillard
Jeremy Irons
Brendan Gleeson
Charlotte Rampling
Michael Kenneth Williams
Denis Ménochet Denis Ménochet
Ariane Labed
Khalid Abdalla
Essie Davis
Matias Varela
Callum Turner
Carlos Bardem
Javier Gutiérrez
Hovik Keuchkerian

Direção:
Justin Kurzel

Produção:
Patrick Crowley
Michael Fassbender
Gerard Guillemot
Frank Marshall
Conor McCaughan
Arnon Milchan

Fotografia:
Adam Arkapaw

Trilha Sonora:
Jed Kurzel

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