Alice Através do Espelho (“Alice Through the Looking Glass”)

Ao contrário de filmes medianos que tem ótimas premissas, mas se perdem ao longo de seu desenvolvimento, “Alice Através do Espelho” faz o contrário: inicia com numa premissa extremamente frágil, mas com o tempo mostra facetas interessantes e até origens desconhecidas.

Alice (Mia Wasikowska) é chamada de volta ao País das Maravilhas para salvar o Chapeleiro Louco (Johnny Depp) que está doente, pois acredita que seus pais estejam vivos e só Alice pode acha-los. Se isso parece algo meio sem pé nem cabeça, é verdade. Se o espectador conseguir engolir o início, o resto fica bem mais fácil. Até porque para conseguir seu intento, Alice deve desafiar o próprio Tempo (Sacha Baron Cohen de “Os Miseráveis”, impagável) e viajar ao passado.

Aí está a grande sacada: nessas viagens descobrimos como surgiram partes importantíssimas do livro original de Lewis Carroll como o motivo da Rainha de Copas ter a cabeça tão grande e até mesmo porque, no primeiro filme e no livro, quando Alice chega para o chá com o Chapeleiro Louco e seus amiguinhos peludos eles dizem que falta sempre 1 minuto para a hora do chá.

O design de produção é sempre bem cuidadoso e até vemos toques do agora produtor Tim Burton, mas claramente não é a mesma coisa, já que o filme é dirigido por James Bobin de “Os Muppets” e este mais pega emprestado os elementos de seu antecessor do que cria, com exceção do ótimo cenário dos domínios do Tempo e de como o corpo do Chapeleiro muda quando está doente. O compositor Danny Elfman volta nesta continuação e faz uma trilha à altura épica da obra com direito a samplers da série “Dr. Who” numa determinada cena da viagem no tempo.

Pelo lado mais sério, vemos temas atuais como o empoderamento da mulher cada vez mais em discussão e a própria sanidade da protagonista continua sendo discutida com analogias entre a fantasia e realidade bem colocadas, como o fato da viagem no tempo ser como navegar em mar aberto (com exceção dos minutos finais que parece ter esquecido a essência da terra da fantasia).

Com um desfecho morno e a solução rápida, Alice ganha bastante no segundo ato com o ótimo desenvolvimento da narrativa, mesmo que para apreciá-lo, o público tenha que ignorar um início forçado e um final morno.

Curiosidades:

– Último filme do terreno Professor Snape Alan Rickman que faleceu meses antes da estréia.
– Primeiro parceria entre Tim Burton e Helena Bonham Carter depois que o casal se divorciou

Ficha Técnica

Elenco:
Johnny Depp
Mia Wasikowska
Helena Bonham Carter
Anne Hathaway
Sacha Baron Cohen
Rhys Ifans
Matt Lucas
Lindsay Duncan
Leo Bill
Geraldine James
Andrew Scott
Richard Armitage
Ed Speleers
Alan Rickman
Timothy Spall

Direção:
James Bobin

Produção:
Tim Burton
Joe Roth
Jennifer Todd
Suzanne Todd

Fotografia:
Stuart Dryburgh

Trilha Sonora:
Danny Elfman

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