A história de como esse filme foi feito é babado: durante muitos anos esse foi o projeto dos olhos da atriz Robin Wright (de “Mulher Maravilha”) e na época esposa do ator e diretor Sean Penn (de “O Gênio e o Louco”), só que nunca encontraram o financiamento necessário. Depois do divórcio dos dois, Penn conseguiu investimento para o projeto e ao invés de escalar a ex-esposa, colocou ninguém menos que Charlize Theron (“The Old Guard”) como protagonista e ainda engatou um namoro com a gata nas filmagens! Danado esse Sean Penn!
Theron está apaixonante como Wren, uma ativista que vai para a África como médica em meio a conflitos armados seguir os passos do pai que era dono de uma ONG e lá conhece Miguel (Javier Bardem de “Escobar: A Traição”), outro médico que além de se importar totalmente com a vida dos inocentes que morrem todos os dias nas lutas armadas, ainda tem a fama de mulherengo. Eles vão ter uma peculiar trajetória amorosa ao longo dos anos.
O diretor mostra a narrativa em idas e vindas no tempo para que o espectador possa entender as motivações que levaram o casal a tomar determinadas atitudes, bem como passa uma forte mensagem sobre o continente do qual a mídia não fala porque não é interessante para os poderosos.
Uma das coisas que mais chama atenção é a belíssima fotografia de Barry Ackroyd que, inclusive trabalhou com Charlize Theron em “The Old Guard” e “O Escândalo”. Ele deve ter encantado tanto a Penn que este tomou uma decisão bastante questionável de alongar o filme para mais de duas horas, enxertando a narrativa com várias cenas contemplativas, muito bonitas, mas com pouco conteúdo, variando entre um contexto óbvio e algo que se desconecta do todo sob o pretexto de dar uma visão global de dois temas que não andam juntos no roteiro: o romance do casal protagonista e o problema na África.
Isso também não ajuda, já que o filme parece girar uma chave sobre qual tema quer mostrar, através de uma mera conexão causal sem se aprofundar na relação entre esses próprios temas (um filme mais bem sucedido nisso é “A Promessa”). Apesar disso, o elenco é muito carismático, compra a história e se entrega. O sotaque sul-africano de Charlize Theron tá lindo, mas por outra decisão equivocada do diretor, sua narração em off fica bem descolada do contexto e desnecessária.
Os efeitos especiais são impactantes, alguns às vezes exagerados, mas conseguem dar uma boa idéia do nível de violência e descaso pela vida que acontece na África.
O desfecho é mais que previsível e foi pouco trabalhado como se a produção já tivesse passado da hora de acabar e seu diretor quis sacrificar a narrativa em prol da fotografia.
“A Última Fronteira” tem uma produção de primeiro, elenco de primeira e interpretando com louvor, mas Sean Penn se perdeu em delírios de grandeza do visual do filme e acabou atrapalhando mais do que ajudando.
Ficha Técnica
Elenco:
Charlize Theron
Javier Bardem
Merritt Wever
Oscar Best
Jared Harris
Adèle Exarchopoulos
Jean Reno
Direção:
Sean Penn
Produção:
Bill Gerber
Matt Palmieri
Bill Pohlad
Fotografia:
Barry Ackroyd
Trilha Sonora:
Hans Zimmer