Miles é um menino negro que mora no gueto, perdeu os pais, vive com o irmão inválido pela guerra do Afeganistão. Ou seja, todos os elementos para não ter um psicológico bom. E não tem: ele é obcecado por vampiros. Tanto que além de ver todos os filmes e livros, ele quer ou pensa ser um, o que é o impacto logo na primeira cena. Até que ele conhece Sophie, outra garota alienada, maltratada pelo avô e problemática que o fará rever suas filosofias.
Com um elenco e diretor desconhecidos / novatos, essa produção independente se posiciona muito mais como um drama do que propriamente como um terror, apesar de flertar bastante com o gênero, inclusive pela trilha sonora tensa e minimalista que sempre imprimi o tom de dúvida das ações de Milo. O espectador nunca sabe o que esperar do protagonista.
Só que o ritmo da narrativa é bem lento, o que definitivamente vai dividir opiniões. Foi feito pra ser assim, mas se a decisão foi correta, é questionável. Usando bastante o som do cenário, acompanhamos a rotina de Milo de forma bem cadenciada o que exige um pouco de paciência, mas recompensa chamando atenção para a personalidade sinistra que na verdade pode ser traduzida em todos os traumas vividos pelo garoto, de onde vem um contexto dramático e bem interessante de ser analisado.
Também presta rápidas, mas importantes homenagens aos clássicos de vampiros desde “Nosferatu”, passando pelos oitentistas “Garotos Perdidos” e “Perto da Escuridão” até alguns mais recentes como “Drácula: A História Nunca Contada”.
“A Transfiguração” é um filme esquisito que não é para todos os gostos, mas no roteiro tudo tem sua razão de ser e ainda conta com um desfecho poderoso. Os cinéfilos de carteirinha podem arriscar.
Ficha Técnica
Elenco:
Eric Ruffin
Chloë Levine
Karin Cherches
Luis Scott
Dangelo Bonneli
Aaron Moten
Carter Redwood
JaQwan J. Kelly
Tarikk Mudu
Samuel H. Levine
Lloyd Kaufman
Danny Flaherty
Charlotte Schweiger
Direção:
Michael O’Shea
Produção:
Susan Leber
Fotografia:
Sung Rae Cho
Trilha Sonora:
Margaret Chardiet