A Livraria (“The Bookshop)

É claro que a maioria dos filmes tem um protagonista e um antagonista, mas quando pensamos em bem contra o mal, geralmente recorremos a filmes de ação ou seu subgênero comandado pela Marvel e DC e pouco lembramos de um drama. A grande sacada dessa produção é ter um bem e um mal encarnado de forma tão profunda, mas ao mesmo tempo tão humana.

A diretora espanhola Isabel Coixet do também ótimo “Ninguém Deseja a Noite” mostra numa bucólica e atemporal cidadezinha britânica, a viúva Florence (Emily Mortimer de “Drama em Família”) que sempre teve o sonho de abrir uma livraria e contra tudo e todos conseguiu uma antiga e desabitada casa para abrir seu empreendimento. Mal ela sabia que a senhora rica da cidade, Violet (Patricia Clarkson da saga “Maze Runner”) vai fazer de tudo para despejar Florence de lá simplesmente porque ela quer que a casa seja transformada em um Centro de Artes para satisfazer seu ego.

O mais interessante é que as motivações de ambas as personagens vêm simplesmente de uma bondade profunda de um lado e de uma maldade profunda de outro. Tanto que ambas sequer encontram justificativas para tal, a não ser o que está dentro do coração.

E a experiente diretor faz o coração falar mais pelo silêncio do que pelas palavras, o que deixam os dois lados com a sensibilidade mais a flor da pele. Como numa cena em que a protagonista diz que a casa havia ficado décadas desabitada e apenas agora que ela a comprou que houve a idéia do Centro de Artes da vilã.

Destaque para a maravilhosa atriz mirim Honor Kneafsey de “Já Estou com Saudades” como a geniosa assistente de Florence e que conquista o público de primeiro e, claro, para a participação de Bill Nighy de “Simplesmente Amor” que transita da comédia ao drama com uma naturalidade espantosa.

O desfecho chega a ter um pé no etéreo e um na dura realidade, mas que prova que sonhos podem também ser contagiosos. “A Livraria” é mais um conto singelo que Isabel Coixet nos conta como uma poesia camponesa, baseada no livro homônimo de Penelope Fitzgerald. Ótima pedida!

Curiosidades:

– A voz da narradora é da atriz Julie Christie que atuou em Fahrenheit 451 de 1966 que é uma adaptação de um dos principais livros mostrados no filme.
– Na cena final o livro deu origem a esse filme, da autora Penelope Fitzgerald aparece.

Ficha Técnica

Elenco:
Emily Mortimer
Bill Nighy
James Lance
Patricia Clarkson
Honor Kneafsey
Hunter Tremayne
Michael Fitzgerald
Frances Barber
Reg Wilson
Lucy Beckwith
Nigel O’Neill
Jorge Suquet

Direção:
Isabel Coixet

Produção:
Jaume Banacolocha
Joan Bas
Adolfo Blanco

Fotografia:
Jean-Claude Larrieu

Trilha Sonora:
Alfonso de Vilallonga

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