Uma Razão Para Viver (“Breathe”)

Andy Serkins já foi o Gollun de “Senhor dos Anéis” e se tornou referência nesse e em outros papéis que envolvem captura digital de movimentos. E ele não para. Sua estréia como diretor é excelente e ele pegou uma história real com um improvável carisma.

Robin Cavendish era um jovem empresário bem sucedido na década de 50 e casado com a linda Diana quando contraiu poliomielite (um mal que ainda assolava a época) e ficou confinado sem movimentos a uma cama e com a ajuda de um respirador. Com a ajuda e apoio da esposa, ele não só sobreviveu contra todas as expectativas, mas desenvolveu junto a amigos, mecanismos que tornaram mais suportável a condição de deficiência física, melhorando a qualidade de vida, revolucionando a tecnologia hospitalar e com derivados que até hoje são um diferencial na vida de quem precisa.

A dupla de protagonistas está impecável: Andrew Garfield (“Silêncio”) como Robin parece ter finalmente se estabelecido consistentemente como um dos grandes de sua geração, enquanto Claire Foy que arrasa na série “The Crown” encontrou o tom certíssimo para Diana, sem parecer muito melodramática e entendendo as prioridades do personagem. Mais do que isso, a dinâmica dos dois em cena é um dos grandes acertos do filme.

O diretor Andy Serkins, além de fazer um ótimo trabalho se cercou de gente talentosa. Seja em tomadas internas ou externas, a fotografia de Robert Richardson (“A Lei da Noite”) e a cenografia parecem sempre captar o que há de melhor e principalmente a mensagem que o roteiro quer passar, seja no início com as panorâmicas ou mostrando a diferença entre a bagunçada, mas funcional casa de Robin e o asséptico hospital alemão que eles visitam num determinado ponto.

Um dos grandes diferenciais da condução de Serkins foi dar leveza à narrativa. Ao invés de torna-la pesada e desnecessariamente dramática, como muitos fariam, ele traduz momentos de esperança e até mesmo alegria mesmo em condições aparentemente impossíveis de se achar esse tipo de sentimento, deixando o verdadeiro drama meticulosamente nos momentos certos e ainda conta com a ajuda da trilha do DJ, instrumentalista e compositor Nitin Sawhney que também faz sua estréia na telona.

Como não podia deixar de ser, numa história baseada em fatos reais, antes dos créditos finais, vemos cenas do verdadeiro casal e sua proeza e da fidelidade que o filme teve com eles. Diga-se de passagem, Jonatham, o filho de Robin e Diana, é um dos produtores e ninguém melhor para um consultor da vida de seus pais.

Uma Razão Para Viver” é o drama certo na hora certa com todos os elementos técnicos e narrativos alinhadíssimos sob ótima condução que leva às lágrimas sem ser apelativo.

Curiosidade:

Andrew Garfield continuava no papel mesmo entre as tomadas de cena e inclusive pedia pra Claire Foy coçar sua pele de vez em quando.

Ficha Técnica

Elenco:
Andrew Garfield
Claire Foy
Ed Speleers
Tom Hollander
David Butler
Ben Lloyd-Hughes
Miranda Raison
Camilla Rutherford
Andre Jacobs
Terry Norton
Charles Streeter
Penny Downie
Amit Shah
Jonathan Hyde
Emily Bevan

Direção:
Andy Serkis

Produção:
Jonathan Cavendish

Fotografia:
Robert Richardson

Trilha Sonora:
Nitin Sawhney

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