Se a Rua Beale Falasse (“If Beale Street Could Talk”)

Esse foi um filme bastante comentado que soube muito pouco até assistí-lo. E o interessante foi que já depois da metade pensei: “É uma espécie de Moonlight hétero”, pela sua estética e lirismo. Qual foi a minha surpresa quando descobri que ambos os filmes são do mesmo diretor Barry Jenkins.

Ele se junta aos grandes filmes que falam sobre racismo e diversidade de raça de 2018 para contar a história de Tish e Fonny, de 19 e 22 respectivamente, que na década de 70 vivem num bairro pobre de Nova York com suas respectivas famílias e se conhecem desde crianças. Crescendo foram se afeiçoando mais até serem tomados por um arrebatador amor.

Até que um dia Fonny é preso por um crime que não cometeu, deixando Tish grávida e ambas as famílias se mobilizam para provar a sua inocência, o que vai se provar uma tarefa duríssima, frente ao racismo que imperava na época.

Inspirado livremente nas obras de James Baldwin, Jenkings foi categórico para traduzir a estética de seus livros, bem como a energia do bairro do Harlem para a tela, mostrando mais uma vez que sua veia contemplativa aliada a uma narrativa de altíssimo nível consegue chegar em ápices áudio visuais, seja na bela fotografia urbana de James Laxton (“Vida de Adulto” e também parceiro de Jenkings em “Moonlight”) ou pelos closes de alta resolução ou em cenas em que a própria fumaça do cigarro somada à iluminação desempenha um papel especial na textura do quadro em movimento.

Alguns momentos inclusive se assemelham a uma peça teatral, seja pelo contexto ou pelo interessante maneirismo das atuações que lembra a maneira do teatro propositalmente.

A jovem e novata atriz KiKi Layne é uma força da natureza: consegue ir da pura inocência a uma narradora forte até chegar nos momentos de provação de uma mulher independente com um carisma apaixonante, força no olhar e performance digna de indicações. Seu par, Stephan James de “Raça” também cai perfeitamente no papel, aliás bem como todo o elenco.

“Se a Rua Beale Falasse” é uma crítica poética ao racismo e ao mesmo tempo, uma ode ao amor numa narrativa e estética que poucos dominam. Imperdível para cinéfilos.

Curiosidades:

– A marca de perfumes que Tish cuida se chama Deux Soeurs que em português é “Duas Irmãs”. A marca não existe e faz alusão à outra irmã de Tish.
– A Rua Beale não aparece no filme, pois fica em Nova Orleans, mas é parte integrante da obra de James Baldwin, sendo seu cerne para a cultura negra.

Ficha Técnica

Elenco:
KiKi Layne
Stephan James
Regina King
Teyonah Parris
Colman Domingo
Ethan Barrett
Milanni Mines
Ebony Obsidian
Dominique Thorne
Michael Beach
Aunjanue Ellis
Diego Luna
Ed Skrein
Emily Rios
Pedro Pascal

Direção:
Barry Jenkins

Produção:
Dede Gardner
Barry Jenkins
Jeremy Kleiner
Sara Murphy
Adele Romanski

Fotografia:
James Laxton

Trilha Sonora:
Nicholas Britell

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