Parece que o diretor Dan Trachtenberg enxergou as possibilidades e desdobramentos da franquia Predador, muito mais do que qualquer um em todos esses tempos, desde que os dois primeiros exemplares dos anos 90 e 90 foram lançados.
Em 3 filmes aparentemente independentes, ele conseguiu fazer uma narrativa de continuidade, transição e principalmente de expansão. Em “A Caçada” ele colocou o espectador na zona de conforto e foi desenhando um modus operandi do predador e sua caça.
Em “Assassino dos Assassinos” somente no streaming, ele já divide as atenções entre humanos e predadores, expandido o raio de atuação das criaturas e finalmente mostrando o seu próprio universo.
Finalmente em “Terras Selvagens”, o Predador passa ao protagonismo e o público entende por completo sua dinâmica em seu planeta para que conquiste troféus de suas caçadas. Após um conflito em seu próprio clã, Dek (o primeiro predador com nome) sai em busca do perigosíssimo Kalisk, uma criatura que vive num planeta onde tudo é mortal.
O que ele não esperava é encontrar uma andróide sintética chamada Thia (Elle Fanning de “Um Completo Desconhecido”), que pode ajuda-lo em sua caça, mas que também quer rever sua equipe de sintéticos de volta. Dek nem imagina que o maior perigo não vem do seu pretenso trofeú.
O filme é cheio de ação, efeitos especiais de cair o queixo, vem na versão 3D (mas nem precisava). O roteiro é esperto e sabe como usar a questão da transição da linguagem das criaturas para inglês de forma inteligente.
Só que a grande proeza da produção foi não só expandir a franquia “Predador” como fazer uma conexão muito esperta e – aí sim – expandir a franquia “Alien” sem mostrar nenhum xenomorfo, mas totalmente inserido no contexto (no trailer há um rápido vislumbre disso então não é bem um spoiler).
Essa é a dinâmica vital do filme que revisita vários elementos das histórias dos capítulos de “Alien”, principalmente um dos confrontos mais icônicos do cinema de ficção científica é homenageado aqui.
Tal qual em “Assassino dos Assassinos”, o desfecho parece a abertura de uma nova história, isto é, já temos alguns finais em abertos que talvez se interconectem lá na frente se a chama se mantiver viva.
“Predador – Terras Selvagens” é finalmente tudo o que o universo de Predador deveria ter sido há muito tempo com algumas liçenas poéticas, mas nada que saia de sua essência. Filmaço.
Curiosidades:
- Um dos troféus visto na nave do predador é o crânio do alienígena de “Independence Day” (1996).
- Segundo filme da franquia que não se passa na Terra em nenhum momento.
- A linguagem Yautja dos predadores foi totalmente desenvolvida pelo mesmo especialista que criou a linguagem dos Na’vi de “Avatar”.
- O slogan “Construindo Mundos Melhores” é o mesmo da companhia Weyland-Yutani usado em “Aliens – O Resgate” (1986).
- Os criadores da série “Stranger Things“, Matt e Ross Duffer, fazem uma participação como as vozes da nave e de um dos predadores do planeta, todos falando em Yautja.
- Há uma cena onde Thia pergunta sobre a velocidade da luz das naves dos predadores, dizendo que eles ainda não conseguiram chegar nessa tecnologia na Terra. Explica-se portanto porque na franquia “Alien”, eles utilizam a criogenia dos corpos para longas viagens deixando então os sintéticos pilotando-as durante esse tempo.
- Quando está desativada, no olho de Thia aparece a marca da Weyland-Yutani. O mesmo acontece com o sintético de “Alien – Romulus”.
- Dois elementos que podem mostrar que o filme se passa bem depois dos acontecimentos de toda a franquia “Alien”:
- O computador MU-TH-UR (sim, vem de Mother = Mãe) que rege o time da Weyland-Yutani) tem o sufixo 6000 nos primeiros filmes da franquia “Alien”, mas neste filme já está na versão 062578, o que pode indicar vários upgrades ao longo do tempo.
- A Weyland-Yutani nomeou o xenomorfo de “Alien” como XX121, enquanto o Kalisk já é XX0552.
- A música do trailer é da banda da Mongólia The Hu.
Ficha Técnica:
Elenco:
Elle Fanning
Dimitrius Schuster-Koloamatangi
Cameron Brown
Michael Homik
Direção:
Dan Trachtenberg
História e Roteiro:
Patrick Aison
Dan Trachtenberg
Produção:
John Davis
Brent O’Connor
Ben Rosenblatt
Marc Toberoff
Fotografia:
Jeff Cutter
Trilha Sonora:
Sarah Schachner
Benjamin Wallfisch





