Quando pensamos que as tramas de filmes de zumbis estariam esgotadas uma boa surpresa: a história se passa depois de um surto de vírus que transforma as pessoas em zumbis. O governo conseguiu desenvolver uma proteína natural que controla o vírus, mas que deve ser injetada diariamente para a pessoa permanecer normal. Esta pessoa que contraiu o vírus, mas se tratou com a proteína antes da transformação é chamada de retornado.
Ao mesmo tempo que é uma boa notícia, isso provoca uma revolta em vários grupos radicais que vêem nos retornados uma ameaça, visto que a qualquer momento caso eles fiquem seu o estoque de remédio, podem se transformar em zumbis. A Dra. Kate (Emily Hampshire de “Cosmopolis”) cuida dos pacientes retornados e acaba se apaixonando por um deles. A situação complica quando aumentam os ataques dos grupos radicais e o estoque de proteína começa a escassear.
O mais interessante do roteiro é que ele toca em pontos chave sobre a formação da sociedade: faz uma ótima analogia, por exemplo, dos retornados com os grupos de riscos de pacientes com AIDS na década de 80, bem como – já depois da metade do filme – chega-se no auge do preconceito quase como foi o nazismo ou fascismo. Só que também coloca o espectador na posição antagônica na cena em que o namorado de Kate, Alex (Kris Holden-Ried de “Anjos da Noite 4”), o qual é um retornado, defronta-se com um zumbi, isto é, alguém que nem ele porém sem o remédio, e deve fazer uma difícil escolha.
Dirigido pelo espanhol Manuel Carballo que tem no seu currículo o desconhecido, mas ótimo “Exorcismus – A Posessão” fez todas as escolhas certas até o início do último ato. Daí pra frente perde muito da sua força e apela pra artifícios que dificilmente vão ludibriar o espectador: como a protagonista sai do hospital falando aos quatro ventos algo que deveria ter sido mantido em segredo? E como ela simplesmente não percebe o que acontece em sua volta, o que seria crucial para mudar seu destino? Além disso, o final brota uma idéia que teria um impacto muito maior se ele fechasse com a idéia já colocada em prática. É como se o roteiro tivesse perdido a coragem para ousar.
“Os Retornados” é original e competente, mas escorrega no final, provando que às vezes se morre nos detalhes. E daí não tem retorno.
Ficha Técnica
Elenco:
Kris Holden-Ried
Emily Hampshire
Shawn Doyle
Claudia Bassols
Melina Matthews
Paulino Nunes
Barry Flatman
Direção:
Manuel Carballo
Produção:
George Ayoub
Julio Fernández
Gary Howsam
Bill Marks
Fotografia:
Javier Salmones
Trilha Sonora:
Jonathan Goldsmith