O Voo (“The Flight”)

Depois de um longo hiato fazendo animações, algumas nem tão animadas assim como “Os Fantasmas de Scrooge”, Robert Zemeckis, cujo legado inclui uma das trilogias mais importantes do cinema, “De Volta Para o Futuro”, volta a fazer filmes de carne e osso e prova que ainda tem muita energia e competência.

Também é a volta de Denzel Washington que havia se perdido em papéis constrangedores na parceria com Tony Scott como em “Incontrolável” e que parece que precisou que Scott morresse (suicídio em 2012) para que o ator acordasse para filmes mais interessantes.

Ele é o comandante Whip Whitaker que apesar de aparentar uma moral inabalável, na verdade é um alcoólatra, promíscuo e usuário de drogas sem a mínima responsabilidade com os passageiros dos vôos que pilota, mesmo que nunca houvesse tido algum incidente por falha sua. Até que em mais uma viagem rotineira, há uma pane nos instrumentos e Whip consegue fazer uma aterrissagem espetacular salvando a maioria dos passageiros. Por sinal, a cena da queda é de uma técnica sensacional. Ele seria um herói, não fosse o fato de que ao ser examinado posteriormente, foi constatado níveis de álcool e drogas muito acima do permitido. Então passa de herói a réu e sua vida se transforma num pesadelo.

Merecidamente indicado ao Oscar, Washington faz um papel bem diferente do que está acostumado – o de um cara amoral e decadente – e lembra justamente um outro papel seu pelo qual, aí sim, ganhou o Oscar, o policial corrupto de “Dia de Treinamento”. Com a performance irretocável, ajuda a compor um roteiro profundo que mostra muito mais que seu drama pessoal, mas uma realidade alarmante sobre as grandes corporações aéreas e como tentam se proteger, mesmo que isso implique na injustiça de vidas perdidas.

Ainda que seja um filme pesado e emocionante, incomodam algumas falhas e maneirismos técnicos do diretor. Ele parece gostar de repetir bastante a movimentação de câmera para apresentar determinados personagens, como na entrada de John Goodman (“Seita Mortal”) como melhor amigo e fornecedor de drogas do protagonista. Após a terceira vez que Zemeckis empaca nesse cacoete, os mais exigentes podem começar a torcer o nariz. O roteiro também desperdiça ou pelo menos aparenta não se preocupar muito com a trama de Nicole (Kelly Reilly de “Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras”), o interesse amoroso de Whip, o qual apesar de intenso, só serve de muleta emocional para a narrativa principal e some deixando uma lacuna dramática até o ato final.

Apesar de previsível, “O Vôo” é daqueles filmes que exigem do espectador uma boa carga emotiva e deixa a sua marca tanto no desempenho do elenco quando na boa direção, mesmo com pequenos deslizes.

Ficha Técnica

Elenco:
Denzel Washington
Kelly Reilly
John Goodman
Don Cheadle
Bruce Greenwood
Nadine Velazquez
Tamara Tunie
Brian Geraghty
Conor O’Neill
Charlie E. Schmidt
Boni Yanagisawa
Adam Tomei
Dane Davenport
E. Roger Mitchell
Ravi Kapoor
Tommy Kane

Direção:
Robert Zemeckis

Produção:
Laurie MacDonald
Walter F. Parkes
Jack Rapke
Steve Starkey
Robert Zemeckis

Fotografia:
Don Burgess

Trilha Sonora:
Alan Silvestri

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