O Rei do Show (“The Greatest Showman”)

Um dos grandes desafios de um musical com composições originais é fazer com que o expectador sinta afinidade com a música logo de primeira. Imaginem que alguns sucessos de rádio tocam insistentemente durante semanas nas rádios (pagas pela gravadora) até decolarem de verdade. Entretanto, no cinema, o musical tem uma chance única. Foi assim que “La La Land” venceu esse desafio, ganhando até o Oscar, e é assim que “O Rei do Show” – com músicas escritas pelo mesmo time – também consegue esse feito.

O filme é livremente inspirado na vida de P.T. Barnum, o criador (um dos, na verdade) do circo de curiosidades, ou freakshow (show de aberrações no modo pejorativo).

Nosso eterno Logan, Hugh Jackman, é Barnum jovem que veio do nada e eternamente apaixonado pela coleguinha rica Charity (Michelle Williams de “Manchester à Beira Mar”). Eles crescem, casam-se – a desgosto do pai dela – e tem dois filhos. São pobres por anos até Barnum ter a idéia de abrir esse museu que logo se transforma numa casa de espetáculos ou circo e começa a atrair multidões de curiosos e desafetos.

A trama em si obedece uma estrutura simples e quase burocrática: o homem que veio do nada, teve tudo, com o sucesso lhe subindo a cabeça ao ponto de lhe trazer a ruína, mas depois a redenção e a solução até fácil demais.

Mas é justamente a parte musical que se destaca. Na direção do estreante Michael Gracey, a fusão da narrativa com a música é orgânica, as coreografias são nada menos que sensacionais e as músicas tem pelo menos dois exemplares que certamente concorrerão ao Oscar de melhor canção.

Desde de o início a obra já se mostra numa fantasia pautada musicalmente com a surpreendente canção A Million Dreams que introduz o primeiro ato num bale de corpos, rimas visuais e objetivos que se transformam num espetáculo áudio visual poucas vezes visto (a parte em que os lençóis no varal bailam junto com o casal protagonista é surreal). E a barra da qualidade não desce nunca, inclusive com o improvável ápice – que inclusive aparece no trailer – com This Is Me nos vocais de Keala Settle (o improvável é porque o ato é feito só com os coadjuvantes).

Os realizadores capricham nos efeitos visuais que em sua maioria são naturais e aderentes às cenas (os malabarismos com os copos e, novamente, as rimas visuais), com exceção de alguns animais que parecem mesmo digitais.

Rei do Show” é fascinante, com músicas que emocionam instantaneamente, direção impecável é um elenco preparadíssimo. É mesmo um show.

Curiosidades:

– Durante as décadas o Circo Barnum passou por várias fusões, transformando-se em Ringling Brothers and Barnum & Bailey Circus e fez a sua última apresentação em maio de 2017, por causa das constantes denúncias de maus tratos a animais, fechando assim suas portas e um capítulo da história do circo.
– A cantora e atriz Zendaya (“Homem Aranha: De Volta ao Lar“) fez todas as suas cenas no trapézio sem dublê.
– Todos os atores contaram suas partes com exceção de Rebecca Ferguson (“Boneco de Neve”) que tinha um tom de voz diferente da cantora que ela interpreta que foi um personagem real. Ela então teve que ser dublada.
– Muitas das fantasias vistas foram emprestadas do Ringling Brothers and Barnum & Bailey Circus, ou seja, são de verdade e não feitas apenas para o filme.
– A família da esposa de Barnum tem o sobrenome Hallet que se pronuncia Howlett. Nos quadrinhos o nome do Wolverine é James (Logan) Howlett.

Ficha Técnica

Elenco:
Hugh Jackman
Michelle Williams
Zac Efron
Zendaya
Rebecca Ferguson
Austyn Johnson
Cameron Seely
Keala Settle
Sam Humphrey
Yahya Abdul-Mateen II
Eric Anderson
Ellis Rubin
Skylar Dunn
Daniel Everidge

Direção:
Michael Gracey

Produção:
Peter Chernin
Laurence Mark
Jenno Topping

Fotografia:
Seamus McGarvey

Trilha Sonora:
John Debney
Benj Pasek
Justin Paul
Joseph Trapanese

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