O cineasta Damien Chazelle pavimentou sua carreira usando sons e movimentos em seus filmes e em duas tacadas geniais – leia-se “Whiplash – Em Busca da Perfeição” e “La La Land” – conseguiu as maiores premiações do cinema.
Ambos os filmes eram musicais ou “musicados”. Quando ele aplica o mesmo princípio para um drama sobre os nove anos que antecederam a ida do homem a lua e as provações que Neil Armstrong (Ryan Gosling que já trabalhou em “La La Land”) teve que passar os resultados são inesperadamente abaixo do esperado.
Apesar de ser uma história contínua, o roteiro faz uma divisão muito clara dos arcos narrativos em dois: um fala sobre as inúmeras missões anteriores e a própria Apollo XI que levou Armstrong e mais dois astronautas à lua; a outra é o drama da sua família que tem como destaque narrativo a esposa do protagonista, interpretada pela sempre competente Claire Foy (“Distúrbio”).
As missões são tecnicamente impecáveis em sua reconstituição. Tão impecáveis que a falta da glamourização leva a uma certa fadiga. Há cenas belíssimas e imagens dignas de um quadro, tudo supervisionado pelo ótimo fotógrafo Linus Sandgren de “A Guerra dos Sexos”. Com esse banho de realidade, a ação fica quase documental e pouco dinâmica. Inclusive algumas cenas parecem se prolongar à exaustão (ele contemplando a superfície da lua demora uma vida). Tanto que as missões anteriores – a que abre filme e a Gemini VIII – são bem mais empolgantes.
Já a parte do drama familiar é ancorado pela morte precoce da filha com câncer no primeiro ato, o que leva o espectador a concluir que toda a obsessão de Neil pelo trabalho, advém disso, quando não é verdade. A passividade de Gosling não ajuda e Claire Foy acaba carregando toda a dramaticidade nas costas. Ainda assim, são poucas as cenas relevantes desse segmento com destaque apenas para quando ele comunica aos filhos que a missão pode ter consequências fatais.
Sem ter o bom senso de uma edição mais enxuta, as quase duas horas e meia se arrastam para desespero dos espectadores. Algumas sequencias sensacionais são salpicadas num novelão que pouco agrega.
Para ver um filme com ação e drama de verdade, arte e um pouco de glamourização, vá certo e firme em “Apollo 13” de 1995 com Tom Hanks. “O Primeiro Homem” é pura arte, mas esqueceram de todos os elementos que compõe uma linha narrativa dinâmica. Belo, mas longe de ser uma experiência acima da média.
Curiosidades:
– Algumas das vozes de rádio foram retiradas do fato real, principalmente da Missão Apollo XI. Geralmente quando a base respondia, era a voz real do evento de 1969.
– O artista que faz o desenho dos personagens na cena do café da manhã é filho do artista que fez o desenho dessa mesma cena na vida real.
– Todas a ciência e física usada nas missões e todos os detalhes delas, desde a estrutura dos foguetes até a visão do espaço e da lua são exatamente como na vida real.
– Apesar de toda acuracidade do roteiro, a cinema final na quarentena nunca aconteceu. Só depois que Armstrong saiu de lá.
Ficha Técnica
Elenco:
Ryan Gosling
Claire Foy
Jason Clarke
Kyle Chandler
Corey Stoll
Patrick Fugit
Christopher Abbott
Ciarán Hinds
Olivia Hamilton
Pablo Schreiber
Shea Whigham
Lukas Haas
Ethan Embry
Brian d’Arcy James
Cory Michael Smith
Kris Swanberg
Connor Blodgett
Lucy Stafford
J.D. Evermore
Leon Bridges
Steve Coulter
Skyler Bible
William Gregory Lee
Choppy Guillotte
Callie Brown
Claire Smith
Brady Smith
John David Whalen
Matthew Glave
Rodney J. Hobbs
Kermit Rolison
Willie Repoley
Ben Owen
Direção:
Damien Chazelle
Produção:
Marty Bowen
Damien Chazelle
Wyck Godfrey
Isaac Klausner
Fotografia:
Linus Sandgren
Trilha Sonora:
Justin Hurwitz