I Am Mother

Sem nunca sabermos os nomes dos personagens, conhecemos um mundo pós apocalíptico onde há uma única estação com um robô que tem a missão de criar e educar uma criança a partir de um feto de laboratório. Anos se passam e a bebê vira uma adolescente (a novata Clara Rugaard) que acaba tendo a robô como sua mãe e, além de desejar mais “irmãos” (os embriões de laboratório ainda congelados) também sente curiosidade de saber como é o mundo lá fora. Tudo muda quando uma desconhecida (Hilary Swank de “A Caçada”) aparece na estação e estremece a relação entre a mãe robô e sua filha.

Aquele subgênero de um terceiro elemento que causa uma chacoalhada na dinâmica entre dois personagens ganha uma excelente roupagem de ficção científica com várias reviravoltas (inclusive uma na nossa cara logo de início – veja as “Curiosidades”), onde a personalidade e a motivação antagonistas – a robô e a estranha – são postas a prova a todo momento, visto que a narrativa é vista quase que completamente a partir da jovem filha.

O ritmo consegue ser angustiante e claustrofóbico com a grande parte produção se passando dentro da estação e ótimos efeitos especiais tanto de animação do robô quando das tomadas externas que são uma atração à parte. E melhor: nada é por acaso e tudo conspira para um desfecho surpreendente.

O elenco está corretíssimo e o robô na voz de Rose Byrne que logo após esse papel daria voa a outra máquina em “Jexi – Um celular Sem Filtro”, tem um design que mistura algo de materno com ameaçador, tornando-se um dos grandes enigmas da trama.

I Am Mother” da Netflix é uma excelente surpresa num gênero em que poucas são as surpresas que valem a pena de ser ver, com uma abordagem nova para um tema bastante atual.

Curiosidades:

– O olho da “Mãe” é uma homenagem ao computador Hal 9000 do clássico “2001 – Uma Odisséia no Espaço”.
– Há uma cena em que aparece o número de embriões congelados: 63 mil.
– O livro que a desconhecida usa para fazer seus desenhos é o clássico Os Deuses de Marte de Edgar Rice Burroughs.
– A cena do origami deixada na praia é uma homenagem a uma cena semelhante no clássico “Blade Runner – O Caçador de Andróides”.

SPOILER – SÓ LEIA APÓS TER VISTO O FILME!

– Essa é a cena que dá a deixa logo no início, mas pouca gente percebe: começamos com uma legenda informando que 1 dia se passou após a armagedon e foi quando o robô fecundou o primeiro embrião. Corta para um prelúdio onde o bebê nasce e cresce acompanhada pela “Mãe”. Na cena em que a protagonista já aparece adolescente a legenda mostra que 13.867 dias se passaram desde o armagedon, o que daria aproximadamente 38 anos! Ou seja, ela não foi o primeiro embrião!
– E para quem não entendeu, o primeiro embrião é justamente a desconhecida que aparece de repente. Há duas cenas que indicam isso: Quando a filha olha pra ela estando separadas por um vidro como se fosse um espelho; e no final quando o robô fala que finalmente descobriu o propósito da desconhecida.

Ficha Técnica

Elenco:
Rose Byrne
Clara Rugaard
Hilary Swank
Luke Hawker

Direção:
Grant Sputore

Produção:
Kelvin Munro
Timothy White

Fotografia:
Steve Annis

Trilha Sonora:
Dan Luscombe
Antony Partos

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