O mesmo trio – diretor e atores – do excelente “Abutres” se junta mais uma vez para contar a história baseada em fatos reais do padre Julian com doença terminal (Ricardo Darin, sempre perfeito) que ajuda numa violenta comunidade de favela, cujo símbolo é um grande prédio abandonado (chamado Elefante Branco), moradia de drogados e traficantes. Ajudado pela assistente social Luciana (Martina Gusman), ele parece ter finalmente encontrado seu sucessor no amigo e também padre Nicolás (Jérémie Renier de “Na Mira do Chefe”) que acabara de sair de uma expedição desastrosa pela Amazônia. O que Julian não sabe é que Nicolás usa métodos pouco ortodoxos e, além de se envolver com as gangues locais ainda se apaixona por Luciana.
A temática e cenografia lembra um pouco o emblemático “Cidade de Deus”, apesar de estar há anos luz deste. Entretanto o diretor Pablo Trapero faz um trabalho de condução de personagens muito bom, deixando o desenvolvimento do trio central flua organicamente sem se concentrar em um único personagem, mesmo com a clara liderança de Darin. O elenco, por sua vez, responde à altura, cada um com suas complexidades, porém com personalidades muito bem delineadas pelos próprios atores. E é justamente essa combinação que provoca um clímax surpreendente, feito em uma tomada sem cortes que parece mais um soco no estômago.
Destaque para a fotografia urbana do premiado Guillermo Nieto que literalmente insere o espectador dentro da claustrofóbica comunidade. “Elefante Branco” funciona como uma crítica política e social ao governo argentino, mas também como uma história de amor entre um homem e as pessoas que ele cuida. Recomendado aos bons cinéfilos.
Ficha Técnica
Elenco:
Ricardo Darín
Jérémie Renier
Martina Gusman
Miguel Arancibia
Federico Barga
Esteban Díaz
Pablo Gatti
Walter Jakob
Raul Ramos
Susana Varela
Julio Zarza
Direção:
Pablo Trapero
Produção:
Juan Pablo Galli
Juan Gordon
Juan Vera
Fotografia:
Guillermo Nieto
Trilha Sonora:
Michael Nyman