Sempre que estou numa roda e perguntam qual a melhor batata frita do mundo, muitos dizem que é a do McDonalds. Tenho uma teoria diferente, onde digo que a batata frita do McDonalds não é uma batata frita: ela é outra coisa que é muito melhor que a batata frita que conhecemos. E assim acontece com Deadpool: muito mais que um filme de super-herói, ele é uma experiência completamente diferente e, ainda assim, tem a forma, história, personagens e narrativas de um filme de super-herói, mesmo sem ser, pois subverte todos os elementos do gênero e, porque não dizer, todos os elementos do cinema. Consegue parodiar a tudo e a todos sem ser uma paródia; faz o espectador morrer de rir sem tirar a seriedade da trama (se é que esta tem alguma). Até os créditos iniciais são devidamente sacaneados, numa das melhores aberturas do ano, desde já.
Pra quem (ainda) não sabe a história: Wade é um mercenário (exatamente igual a ele mesmo em “Wolverine”) e tá longe de ser um bom moço. Conhece Vanessa (a brasileiríssima e deliciosa Morena Baccarin de “A Espiã que Sabia de Menos” e que agora brilha na série “Gothan”). Apaixonam-se. Até ele descobrir que tem um câncer já na fase de metástase. Tenta um tratamento clandestino com o vilão mutante Ajax (o ainda desconhecido Ed Skrein). Tudo dá errado e ele vira imortal com poder de regeneração, porém com a pele que constantemente se desfaz, formando uma aparência monstruosa. Então ele decide ir atrás de Ajax para que ele conserte o que fez ao mesmo tempo em que Vanessa pode correr perigo.
Um dos grandes feitos do roteiro é que ele não descarta a participação de Deadpool em “Wolverine” e, logo no início encontra uma maneira sarcástica e genial de fazer os dois filmes conviverem entre si. O outro é a narrativa em si, onde Deadpool constantemente quebra a quarta parede falando diretamente ao público, contando os eventos passados e chegando ao cúmulo de interagir com a própria câmera em alguns dos vários momentos hilários.
Tira graça consigo mesmo, com “Lanterna Verde” (ele mesmo de novo), com Ryan Reynolds (ele mesmo de novo), com os “X-Men” (a tirada do professor Xavier e sobre o budget do filme são sensacionais), além de fazer deliciosas referências que vão de “Star Wars” até “Busca Implacável” passando até por “Stallone Cobra”, “Blade – O Caçador de Vampiros” e outros (aliás a veia oitentista do filme é ótima).
Por ser para maiores, não tem medo de mostrar a violência explícita até as últimas consequências com membros sendo feitos em picadinhos, pessoas esmigalhadas com muito sangue e tripas espalhadas por aí.
E “Deadpool” é isso: ação da melhor qualidade, irreverência sensacional contida no universo do X-Men e muito bem contextualizada com uma vontade de se querer muito mais. Definitivamente é a batata frita do McDonalds.
Curiosidades:
– Apesar de não aparecer em nenhum outro filme dos X-Men a Negasonic Teenage Warhead é uma mutante que realmente existe nas HQs. Ela foi escolhida pra aparecer porque seu nome é engraçado.
– Na HQs Vanessa também é uma mutante que tem poderes parecidos com a da Mística, apesar de nada ser dito no filme (pelo menos por enquanto).
– O soro aplicado em Wade que o transforma em Deadpool tem como princípio ativo, o sangue do Wolverine.
– A pele de Wade fica daquele jeito porque ela fica se autorregenerando constantemente pelo ataque das células cancerígenas. Isto é, o soro não cura o câncer, mas faz com que as células mortas se regenerem.
– Há uma cena de luta em que Deadpool encontra um conhecido dentro os soldados inimigos que já lutou com ele nas Forças Especiais. Esse personagem que tem apenas alguns segundos de cena é um agente da Hydra, mas por conta de direitos autorais, isso não é citado.
– O navio onde acontece uma das lutas na verdade é um daqueles porta aviões voadores usados em “Capitão América 2” e “Vingadores: A Era de Ultron“.
– Logicamente tem a cena depois dos créditos finais parodiando de forma genial “Curtindo a Vida Adoidado”.
Ficha Técnica
Elenco:
Ryan Reynolds
Morena Baccarin
Ed Skrein
Gina Carano
Karan Soni
Brianna Hildebrand
Randal Reeder
T.J. Miller
Isaac C. Singleton Jr.
Jed Rees
Hugh Scott
Direção:
Tim Miller
Produção:
Simon Kinberg
Ryan Reynolds
Lauren Shuler Donner
Fotografia:
Ken Seng
Trilha Sonora:
Junkie XL