Se tem uma coisa que faz o filme decolar é o seu protagonista, Jason Momoa e desde “Liga da Justiça” sua caracterização do herói submarino sempre foi a melhor com uma ótima dose de humor e sarcasmo, mas sem nunca deixar de lado a seriedade da situação. Aliás, seu senso de humor beira a perfeição do que a Marvel já pratica. Ele faz o filme – que é uma colagem de tantos outros filmes – subir de patamar.
A direção de James Wan, dono de franquias de sucesso atualmente como “Invocação do Mal” e “Velozes & Furiosos”, é épica porém previsível até porque é cheio de momentos “já vi isso antes em outro filme”.
Começa com a primeira lição de como se fazer um arqui-inimigo com Aquaman acabando com alguns piratas num submarino; depois ele tem que lutar com seu meio irmão Orm (Patrick Wilson de “Uma Forma de Assassinato”) pelo trono de Atlântida num estilo quase análogo à “Pantera Negra”. Daí ele junto com a princesa Mera (a gatíssima e maluquinha Amber Heard reprisando seu papel), precisam achar um tridente dourado no meio do deserto, transformando a produção numa espécie de “Caçadores da Arca Perdida” ou “Tudo Por Uma Esmeralda” e entra numa sequencia que é a cara de “Piratas do Caribe”, até chegar numa cenografia que lembra “Parque dos Dinossauros”, para só depois voltar à programação normal de filme mde super-herói. Acontece que o diretor junta esses pedaços e dá uma boa continuidade e ritmo, o que talvez ofusque a falta de originalidade.
Passado depois dos eventos de “Liga da Justiça” – há uma frase logo no primeiro ato que se certifica disso – o roteiro apresenta algumas falhas difíceis de engolir: a primeira delas, é claro, seria esperar que o resto dos Super-Amigos aparecessem pra ajudar já que os eventos foram praticamente de caráter global (a não ser que tivessem outras coisas rolando naquele momento), e outra é que a própria mitologia tem suas divergências, como por exemplo, na busca do tridente dourado onde o esconderijo data de antes do Saara virar um deserto, mas a pista encontrada lá o leva para um lugar que só seria construído milhares de anos depois, o que é uma total incongruência (a parte de que “só um rei pode segurar…”), dentre muitos outros erros onde os roteiristas esqueceram de pesquisar nos livros de história.
O design de produção é uma atração a parte: fã oitentista, ele transforma Atlântida numa versão submarina do clássico da ficção “Tron”, inclusive com a trilha bem aderente de Rupert Gregson-Williams de “Mulher-Maravilha” que acerta na maneira DC na composição e tem seus altos e baixos na seleção musical: o alto é definitivamente a escolha de It’s no Good do Depeche Mode, resgatando os anos 90 em altíssimo nível, enquanto o baixo é a péssima regravação do clássico de Toto originalmente do Africa, destruído pelo Pitbull.
“Aquaman” poderia ser bem melhor, mas já tem uma ação épica com ótimos efeitos especiais que já deixa todo mundo empolgado, uma história bem contada, mesmo sendo previsível e decola com Jason Momoa dando presença e carisma até nos piores momentos do filme.
Curiosidades:
– Quando Aquaman é criança ele é interpretado por dois atores mirins que são irmãos gêmeos.
– Jason Momoa tingiu parte dos cabelos de loiro pra se aproximar do personagem nos quadrinhos que é totalmente loiro.
– Amber Heard gosta tanto de ler que deixava seus livros numa caixa verde dentro do set para ele fazer parte do cenário e ser escondido pelos efeitos especiais da “tela verde”.
– Ela inclusive ficou possessa com Jason Momoa quando ele rasgou e escondeu umas páginas de seu livro, só pra passar um trote.
– Em “Liga da Justiça” os personagens falavam através de bolhas. Em Aquaman o diretor James Wan decidiu simplesmente fazer os personagens falarem normalmente debaixo d’água porque era mais fácil e ele achou que o espectador iria reparar, mas relevar. E aconteceu.
– Orm (nome do vilão) significa cobra no dialeto suíço.
Ficha Técnica
Elenco:
Jason Momoa
Amber Heard
Willem Dafoe
Patrick Wilson
Nicole Kidman
Dolph Lundgren
Yahya Abdul-Mateen II
Temuera Morrison
Ludi Lin
Michael Beach
Randall Park
Graham McTavish
Leigh Whannell
Tainui Kirkwood
Tamor Kirkwood
Direção:
James Wan
Produção:
Rob Cowan
Fotografia:
Don Burgess
Trilha Sonora:
Rupert Gregson-Williams