Anders Danielsen Lie do premiado “A Pior Pessoa do Mundo” é Sam, um jovem que acorda após um apocalipse zumbi (lembrou de “Extermínio”?) e acaba confinado no apartamento em que se encontra (lembra o coreano “#Alive”) e deve lidar com um total isolamento que vai começar a mexer com a sua sanidade.
A primeira parte do filme é a melhor, pois a maneira como se desenrola o apocalipse e a situação em que se encontrava o protagonista foi estruturada de forma a fazer total sentido com seus próximos passos.
Ao contrário dos outros filmes citados, essa produção aposta muito mais dos efeitos do isolamento do que com a ação entre outros zumbis ou com a interação com outros humanos (que praticamente não existem).
Anders Danielsen Lie está ótimo desenvolvendo sua insanidade particular frente a algo tão inevitável e faz o espectador entender tanto suas atitudes estrategicamente calculadas, quanto aquelas em que parece não fazer o menor sentido.
Só que lá pela metade do filme, o roteiro parece ter esgotado as idéias, ou pelo menos as idéias de uma dinâmica solitária. É como se a evolução da história estivesse boa até não estar mais.
Então o diretor estreante Dominique Rocher puxa uma carta na manga que vem muito bem a calhar e ainda traz consigo uma pequena, mas sensível reviravolta que, mesmo não trazendo o filme para o patamar que começou, encaminha-o para um interessante clímax que culmina com uma subjetiva epifania no desfecho que talvez nem todo mundo vá entender.
Destaque para a melhor cena é a tocante música que Sam compõe numa espécie de dueto, mostrando o talento do compositor da trilha sonora, o ainda desconhecido David Gubitsch que consegue também levar o público adiante apesar das constantes quebras de ritmo do roteiro.
Baseado no best seller homônimo de Martin Page , “A Noite Devorou o Mundo” está mais para um drama existencial com zumbis que evoca interessantes questões, mas peca por não saber levar a história além de um determinado limite onde até mesmo velhos clichês cairiam bem.
Curiosidades:
- Na cena em que Sam marca um calendário que ele fez na janela, o dia marcado é o 28º. É uma homenagem a “Extermínio” cujo título original traduzindo literalmente seria “28 Dias Depois”.
- Apesar de ser francês, praticamente o filme inteiro é falado em inglês.
- O poster de “A Noite Devorou o Mundo” tem exatamente a mesma essência do poster do terror “Assim na Terra Como no Inferno” e ambos se passam em Paris. Veja:
Ficha Técnica:
Elenco:
Anders Danielsen Lie
Golshifteh Farahani
Denis Lavant
Sigrid Bouaziz
David Kammenos
Direção:
Dominique Rocher
História e Roteiro:
Jérémie Guez
Guillaume Lemans
Dominique Rocher
Produção:
Carole Scotta
Fotografia:
Jordane Chouzenoux
Trilha Sonora:
David Gubitsch