https://www.youtube.com/watch?v=9KR_Vyn09TM
O trailer não faz jus ao filme. Os dois minutos mostram um meloso e quase insuportável patriotismo americano, como se todos fossem santos, além de colocar em destaque frases ridículas como “Se não pegarmos os terroristas eles vão atacar de novo!” (claro, né?) ou algo do tipo “Nessa batalha do bem contra o mal a gente vence com o amor” (e um arsenal de metralhadoras também). A gratíssima surpresa é que o filme em si, que leva pouco mais de duas horas, apesar de mediano, é muito mais que uma auto-declaração de amor.
Mostra não só o atentado que comoveu os EUA em 2013 na Maratona de Boston, mas simula sua preparação e, baseado em fatos e testemunhos, mostra como os dois terroristas foram apanhados depois de longas horas de intensa investigação, além de personagens paralelos entre vítimas e outras pessoas que contribuíram com o resultado final de toda a sequência de eventos.
Tendo como âncora o policial Saunders (Mark Wahlberg), o diretor Peter Berg, em sua terceira parceria com Wahlberg depois de “Horizonte Profundo” mostra um protagonista (ou quase) limitado em suas ações, porém com o espírito americano de fazer justiça que evita por pouco cair no clichê.
Por outro lado, Berg se complica ao tentar colocar um número muito grande de personagens em cena, muitos inclusive sendo rostos conhecidos como Kevin Bacon (“A Escuridão”), John Goodman (“Kong: A Ilha da Caveira”) ou J.K. Simmons (“La La Land”), pois fica difícil entender a contribuição de cada um. O próprio Saunders em alguns momentos tem dificuldade para entender, o que torna todos uma espécie de coadjuvantes de luxo. E os excessos acabam diluindo a tensão da trama. Tanto é que a melhor subtrama é justamente a que envolve os dois terroristas (Alex Wolff de “Casamento Grego 2” e o ainda desconhecido ator do leste europeu Themo Melikidze). Eles formam uma âncora emocional talvez mais relevante que as próprias vítimas.
Por outro lado, no revezamento entre drama, suspense e ação, é justamente neste último que o diretor se destaca, onde consegue tornar épicas confrontos urbanos e o próprio atentado usando muito mais de técnica do que de efeitos especiais. Destaque para a trilha de Trent Reznor e Atticus Ross (“Garota Exemplar”) que, ao contrário do que sinalizado no trailer, sua composição é bem mais contida e entra organicamente de acordo com o contexto apresentado sem a pretensão de meramente manipular o espectador.
“O Dia do Atentado” vale como obra e principalmente nas entrevistas aos personagens reais nos créditos finais, além de mostrar um retrato o mais realista que Hollywood poderia deixar sobre essa caçada e o drama dos sobreviventes e envolvidos, apesar de ter sua tensão diluída no excesso de personagens e direção um tanto engessada.
Curiosidades:
– Havia um script só de ação e um só de drama para enfocar o filme. Os produtores resolveram fazer um intermédio dos dois.
– A cena de captura do terrorista foi filmada no exato aniversário da captura na vida real.
– Terceira parceria entre o diretor Peter Berg e o ator Mark Wahlberg, sendo que todos os três filmes foram baseados em fatos reais.
– O diretor Peter Berg sempre faz uma aparição em seus filmes. Neste ele é o cara que abre a porta no MIT.
Ficha Técnica
Elenco:
Mark Wahlberg
John Goodman
Kevin Bacon
J.K. Simmons
Michelle Monaghan
Rhet Kidd
Christopher O’Shea
Rachel Brosnahan
Jake Picking
Lana Condor
Melissa Benoist
Alex Wolff
Themo Melikidze
Martine Assaf
Billy Smith
Paige MacLean
Adam Trese
Direção:
Peter Berg
Produção:
Dorothy Aufiero
Dylan Clark
Stephen Levinson
Hutch Parker
Michael Radutzky
Scott Stuber
Mark Wahlberg
Fotografia:
Tobias A. Schliessler
Trilha Sonora:
Trent Reznor
Atticus Ross
