A Marvel consegue acertar até no desenho. Essa aventura do cabeça de tenha em versão animada é fora da MCU (Mundo Cinemático da Marvel), mas já começa que tem tudo a ver com a antológica e amada trilogia do Homem-Aranha feita pelo Sam Raimi. Não só isso, ela se passa como se fosse uma continuação anos depois quando Peter Parker já está mais velho.
Mas o filme não é centrado nele, mas sim em Miles Morales, adolescente afrodescendente que vive uma vida normal em Nova York até também ser picado por uma aranha radioativa, quando também descobre que o Rei do Crime (lembra do Wilson Fisk da série da Netflix “Demolidor”?) desenvolveu uma máquina que ativa outros universos paralelos – sim, o multiverso! – e daí não só aparece um outro Peter Parker, como várias outras versões de Homem-Aranha que passaram pelos quadrinhos e até uma que parece (é) o porquinho do Looney Tunes (o Gaguinho da turma do Pernalonga). Eles devem deter o Rei do Crime e conseguirem voltar às suas dimensões.
A estética da animação que é uma emulação inteligente da própria experiência das HQs é sensacional e intuitiva, quebram facilmente o quarto muro (com o público) e tem legendas espertíssimas que denotam mais que ruídos, mas até sentimentos. São tantas as nuances que esse estilo de animação denota que ficaria difícil explorar todas num só texto.
A história também impressiona: não apenas fecha o arco de Peter Parker de forma emocionante (aliás Peter é aquele coadjuvante que sempre rouba a cena), como também da um pontapé inicial na saga de Miles e tudo o que seus novos poderes – alguns que nem o Homem Aranha tinha – podem fazer. Até mesmo a motivação do vilão faz toda a diferença, além de ser uma aula sobre a vastidão dos mundos cobertos pelas revistas do herói em suas várias encarnações e dimensões, e sem jamais deixar o espectador neófito na mão.
De cara dá pra perceber que o universo do desenho não é o nosso (provavelmente o nosso é do qual o outro Peter Parker vem) e então a liberdade dos criadores de definir pequenas e deliciosas mudanças fizeram toda a diferença, até mesmo para os vilões, como o Duende Verde que faz uma breve aparição e até uma versão feminina do Dr. Octopuss.
“Homem-Aranha no Aranhaverso” ganhou o Oscar de melhor animação com todas as honras e méritos e ainda é um prato cheio para os fãs da Marvel, conseguindo ser uma obra do mesmo calibre de seus melhores filmes. E as aparições de Stan Lee são excelentes.
Curiosidades:
– Em todo trem que passa no filme, se você der pause, poderá ver Stan Lee (em desenho) como um dos passageiros.
– A animação foi feita por mais de 180 animadores. Em algumas cenas eram necessário 1 mês de um dos times de animação para concluir 4 segundos de filme.
– Quando Miles vai no apartamento de seu tio, está passando na TV um episódio da série Community onde um dos personagens vai pra cama fantasiado de Homem-Aranha.
– O pai de Miles Morales já foi um agente da SHIELD. Não é dito no filme, mas faz parte da história.
– Como é outro universo, algumas mudanças são pequenos detalhes, por exemplo: a polícia de NY que se chama NYPD, lá se chama PDNY. E vários filmes que são referenciados tem seus títulos levemente alterados.
– O universo onde Peter Parker se separa de Mary Jane era parte do enredo de Homem-Aranha 4 de Sam Raimi, só que foi cancelado para a nova franquia da época.
– Na agenda do celular de Miles aparece um nome B. Bendis: é o criador da HQ Ultimante Spider Man. Há outra cena em que aparece S. Ditko numa agenda de celular: é Steve Ditko, um dos criadores de o Homem-Aranha junto com Stan Lee.
– Todos os personagens Homem-Aranha dos multiversos já foram apresentados em alguma HQ da Marvel.
– Há uma cena no colégio em que Miles aperta a mão do colega tal qual Peter faz com seu melhor amigo em “Homem-Aranha – De Volta Ao Lar”.
– Há uma cena pós créditos homenageando o desenho original do Homem Aranha de 1967.
– No início do filme a frase “Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades” é dita pelo próprio ator que fez o Tio Ben no primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi, denotando o a proximidade entre o desenho e a trilogia. Só que foi uma sequencia de arquivo, visto que o ator que o interpretou faleceu em 2011.
– Na galeria de uniformes do Homem-Aranha no porão da Tia May há o que foi usado em “Capitão América: Guerra Civil”.
Ficha Técnica
Elenco:
Shameik Moore
Jake Johnson
Hailee Steinfeld
Mahershala Ali
Brian Tyree Henry
Lily Tomlin
Luna Lauren Velez
Zoë Kravitz
John Mulaney
Kimiko Glenn
Nicolas Cage
Kathryn Hahn
Liev Schreiber
Chris Pine
Natalie Morales
Direção:
Bob Persichetti
Peter Ramsey
Rodney Rothman
Produção:
Avi Arad
Phil Lord
Christopher Miller
Amy Pascal
Christina Steinberg
Trilha Sonora:
Daniel Pemberton