É um bom filme, mas muito mal vendido. É propagandeado como uma daquelas produções de terror independentes e bizarras: a linda Haley Bennett de “Uma Forma de Assassinato” é Hunter, uma mulher que se casou muito bem e logo quando engravida começa a ter uma vontade de engolir objetos afiados.
O que é de verdade: um drama onde Hunter desenvolve um distúrbio psicológico chamado pica (sem trocadilhos, por favor) por conta de um trauma de infância misturado com a gravidez e lá pela metade do filme, o espectador começa a entender.
O diretor emprega uma interessante estética de cores quentes com ambientes assépticos e até mesmo a pele da protagonista parece ser lisa e impecável como se o fato do distúrbio fosse uma falha num ambiente aparentemente perfeito.
A partir daí a obra divide opiniões: por um lado a narrativa parece levar o espectador para um terror psicológico e depois dispersa numa guinada dramática. Por outro, o roteiro marca um gol ao mostrar como uma perfeição vai se desgastando até formar rachaduras irreparáveis na personalidade de uma vida que, em outro contexto, seria impecável.
Já no desfecho nem parece o mesmo filme que começou e a mensagem de que eventos bombásticos não prejudicam a trivialidade da vida coletiva é poderosa, mas carece de uma sustentação que o roteiro não pôde prover.
Aliás, existem várias mensagens importantes e relevantes em “Devorar” que se conectam, mas parecem um tanto estranhas ao desenvolvimento que os produtores quiseram vender. Para os curiosos, cale passar o olho.
Ficha Técnica
Elenco:
Haley Bennett
Austin Stowell
Denis O’Hare
Elizabeth Marvel
David Rasche
Luna Lauren Velez
Zabryna Guevara
Laith Nakli
Babak Tafti
Nicole Kang
Olivia Perez
Direção:
Carlo Mirabella-Davis
Produção:
Mollye Asher
Carole Baraton
Frédéric Fiore
Mynette Louie
Fotografia:
Katelin Arizmendi
Trilha Sonora:
Nathan Halpern