Baseado numa história real (veja nas curiosidades o que é de verdade e o que é ficção), essa é uma daquelas produções que podem facilmente pertencer a um multiverso da realeza britânica encabeçado principalmente pelo premiado “O Discurso do Rei”. Apesar de um elenco completamente diferente é quase palpável a inspiração dos personagens.
A diva etérea Sarah Gadon de “A Nona Vida de Louis Drax” é Elizabeth, ainda princesa e jovem, que é convencida pela irmã Margaret (Bel Powley de “Quando Te Conheci”) a comemorar o dia V, de vitória da Segunda Guerra Mundial pelas ruas de Londres, enquanto o Rei (Rupert Everett de “O Lar das Crianças Peculiares”) e Rainha (Emily Watson de “Uma Segunda Chance Para Amar”) cumpririam suas obrigações de fazerem seu discurso ao povo. Os pais deixam elas saírem, só que na confusão uma se perde da outra e a mais velha, Elizabeth, tenta achar a irmã de qualquer maneira, com a ajuda do jovem Jack (Jack Reynor de “Midsommar: O Mal Não Espera a Noite”).
O diretor Julian Jarrold de “Amor e Inocência” fez uma levíssima comédia romântica, gostosa de se ver e tem duas ótimas abordagens narrativas: a primeira é aquele subgênero da comédia onde o filme inteiro se passa num jogo de gato e rato num curto espaço de tempo – no caso uma noite – com várias coincidências que empurram os personagens de um lado a outro.
A segunda é a questão da mistura da realeza com os plebeus com o foco em Elizabeth e Jack e de como essa “amizade” poderia ser inviável. Em ambos os temas, roteiro e direção os tratam e os desenvolvem de forma delicada e com um imenso carisma que faz o espectador criar afinidade pelos personagens e pela situação, além de fazer rir e refletir.
Além de uma ótima reconstituição de época e elenco afiadíssimo, os detalhes são fundamentais, como é o caso do desfecho na cena do carro onde o que não se vê é mais importante do que o que se vê.
“A Noite da Realeza” é deliciosamente divertido, praticamente apaixonante e ainda com carisma de sobra de elenco e história.
Curiosidades:
– O que é real no filme é que no dia da Vitória, a ainda princesa Elizabeth saiu para comemorar, acompanhada de seguranças, é claro, e passou por vários dos lugares turísticos de Londres, chegando em casa às 3h da manhã de acordo com o próprio diário. Porém ela foi sozinha, pois a irmã tinha apenas 14 anos na época; e também Jack é um personagem fictício.
– A banda de jazz que toca no palco no terceiro ato é de verdade. Eles são membros de uma banda de jazz e tocaram no filme.
– Logo no início a rainha diz pra Elizabeth que ainda iria demorar muitos anos para ela se tornar rainha e se vira pro marido (o Rei) e diz que tem certeza que Winston Churchill iria ganhar a reeleição de primeiro ministro por conta da sua vitória na Segunda Guerra. Foi uma linha de diálogo irônica, pois em menos de 7 anos o Rei morreu e Elizabeth assumiu como rainha e Churchill não conseguiu se reeleger.
Ficha Técnica
Elenco:
Sarah Gadon
Bel Powley
Jack Reynor
Emily Watson
Rupert Everett
Mark Hadfield
Jack Laskey
Jack Gordon
Tim Potter
Annabel Leventon
Geoffrey Streatfeild
Debra Penny
Ricky Champ
Jack Brady
Jessica Jay
Direção:
Julian Jarrold
Produção:
Robert Bernstein
Douglas Rae
Fotografia:
Christophe Beaucarne
Trilha Sonora:
Paul Englishby