A Melhor Mãe do Mundo

Shirley Cruz de “A Vida Invisível” brilha como Gal, uma mãe pobre que trabalha como catadora da periferia de São Paulo – apesar de ser carioca – que após ser constantemente agredida pelo marido Leandro (Seu Jorge) decide prestar queixa contra ele e fugir com seus dois filhos pequenos. Para não traumatizar as crianças, ela diz que vão fazer uma aventura e os leva na carroça com a qual ela usa para colocar o lixo.

Não seria incomum lembrar o sensacional clássico premiado de Roberto Benigni, “A Vida é Bela” de 1997 onde uma família judia é levada para um campo de concentração na durante a 2ª Guerra Mundial e para não traumatizar seu filho, faz um teatro como se tudo fosse uma grande brincadeira.

Salvo as devidas proporções, mesmo sem grandes expectativas, a produção nacional dirigida por Anna Muylaert poderia levar o espectador por esse caminho. É o que ela tenta fazer com certa eficácia na primeira metade do filme, mesmo que aparentemente muita coisa dá mais certo do que errado para a protagonista e seus filhos nessa jornada.

Enquanto o início é pesado e consistente, ao se caminhar com a história, o espectador mais aprecia a performance de Cruz e sua dinâmica com os artistas mirins Rihanna Barbosa e Benin Ayo, do que as situações as quais eles enfrentam.

O problema é que a partir da segunda metade do filme, o roteiro vira uma chave, tudo muda e qualquer conflito passado ou potencial é abrandado ou diluído, pela facilidade que a história dá para Gal tomar decisões e agir.

Como toda história que se preza é movida por conflitos, é como se, de repente, a narrativa parasse, ou como se não houvesse nada “sério” acontecendo. Muito do que foi acenado na primeira metade é praticamente esquecido na segunda. Até mesmo o boletim de ocorrência feito por Gal no início, fica por lá mesmo. Nem a presença mais marcante de Seu Jorge como o antagonista impõe algum tipo de tensão na narrativa ou medo no seu entorno.

A Melhor Mãe do Mundo” não deixa de ser uma jornada de superação, começa de forma sensacional, mas desperdiça muitas oportunidades de virar um drama de verdade para morrer na praia deixando no máximo uma sensação de dever cumprido ao final. Vale pelo elenco.

Ficha Técnica:

Elenco:
Shirley Cruz
Seu Jorge
Rihanna Barbosa
Benin Ayo
Luedji Luna
Rubens Santos
Rejane Faria
Lourenço Mutarelli
Ayomi Domenica
Kauezinho Rodrigues
João Fellipe Felix
Angela Valentin

Direção:
Anna Muylaert

História e Roteiro:
Anna Muylaert

Produção:
Karen Castanho
Ricardo Costianovsky
Tomás Darcyl
Fernando Fraiha
Gabriel Gurman
Anna Muylaert
Clara Ramos
Bianca Villar

Fotografia:
Lílis Soares

Trilha Sonora:
André Abujamra
George Nahssen

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