Salt (EUA, 2010) ***NOS CINEMAS***

Por conta de personagens como Lara Croft e até pela sua desregrada vida pregressa (leia-se pré Brad Pitt), Angelina Jolie consolidou sua imagem de mulher poderosa, independente e com habilidades pra macho nenhum botar defeito. Nenhum de seus filmes mais “sensíveis” como “A Troca” ou “O Preço da Coragem” diluíram esse tipo de imagem. Em “Salt“, sua imagem é elevada à quinta potência. Ela é uma agente da CIA, casada e boa esposa, que por conta de um suspeito testemunho de um desertor russo, é confundida com uma traidora. Ela então tem que provar sua inocência, ou melhor… não… até porque talvez ela possa ser mesmo uma traidora.

Como ação, “Salt” faz de Angelina Jolie uma mistura de Remo – Desarmado e Perigoso, Rambo, McGyver, Coronel John Matrix (Arnold Schwarzenegger de “Comando Para Matar“) e provavelmente algum X-Men com poderes sobrenaturais. E as mentiras andam no mesmo patamar. É claro que ela tenta dar humanidade a personagem e se mostra bastante esforçada a esse contento, mas com uma direção – de Phillip Noyce (“Em Nome da Honra“) – que privilegia a ação acima de qualquer trama, não é fácil deixar de rir de seqüências absurdas que desafiariam as leis da física (como suas quedas sucessivas em caminhões, carros e motos ou sua decida pelo poço de elevador). E essa combinação de personagem e atriz acaba sendo um pecado, já que por mais impossível que seja da nossa heroína sair viva, ninguém se preocupa. Afinal de contas, estamos falando de Angelina Jolie (que por sinal está mais do que linda).

Contudo, há uma questão filosófica e sociológica muito mais interessante que faz a produção valer a pena, mas somente se o espectador souber filtrá-la diante de tantos tiros, explosões e perseguições: é o que motiva Salt a atingir seus objetivos. Até onde o dever de proteger seu país ou uma doutrina rígida ensinada desde seu nascimento ou sua vida pessoal, seu feliz casamento podem servir de fatores fundamentais para se reprogramar ou mudar de vida. Tudo isso é colocado na tela de forma fugaz e fica difícil concluir se foi a genialidade de Noyce para que somente o espectador mais atento leia nas entrelinhas ou se uma imbecil imposição de Hollywood para dar destaque à ação descerebrada e deixar o melhor da narrativa por baixo dos panos.

Com a devida atenção “Salt” pode surpreender que sabe observar, mas como diversão pura, se iguala a qualquer exemplar do gênero. Sobrou ação. Só faltou um pouco mais de cérebro.

[rating:3]


Ficha Técnica

Elenco:
Angelina Jolie
Liev Schreiber
Chiwetel Ejiofor
Daniel Olbrychski
August Diehl
Daniel Pearce
Hunt Block
Andre Braugher

Direção:
Phillip Noyce

Produção:
Lorenzo di Bonaventura
Sunil Perkash

Fotografia:
Robert Elswit

Trilha Sonora:
James Newton Howard

ELENCO

DIREÇÃO

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Respostas de 3

  1. É impressão minha ou só tem saído merda no cinema ultimamente, por onde andam os bons filmes?

  2. achei bem legal esse filme. nao vi nada de taaaaaaaaaao especial como ouvi todo mundo comentar…mas num todo é muito bom.

    parece uma mistura de duro de matar com identidade bourne, sei lá.

    angelina está realmente linda e tals, deu uma booooooa afiladinha no nariz, eu acho, mas ta parecendo um pneu sem camera, só o aro.

    bom…bora ver na continuaçao comé q vai ficar.

    destaque para o enforcamento na escada, fooooooooooooooooooooooooooda!!!

  3. Angelina Jolie tem um caso de amor com a câmera, basta ela aparecer na tela que tudo se ilumina, e até muitos absurdos acabam tomando-se comestíveis, como SALT. Analisando apenas a história do filme, a premissa era boa, russos treinados desde o seu nascimento para se implantarem e no momento certo atacarem os EUA. Mas o encontro do amor verdadeiro e a adaptação ao estilo de vida americano, plantam mais que a dúvida, impõem o questionamento do quão certa ou insana é esta missão. Se Liev Schreiber incorpora o aceite cego da missão, Angelina procura demonstrar e com eficiência diga-se de passagem, admito e reconheço, o quão “acordada” do fanatismo está, recebendo a devida e boa colaboração de seu marido no filme, August Diehl, com cenas tocantes intercaladas durante o filme e que deve ser amigo da família pois filmou “Bastardos Inglórios” com Brad Pitt. Os tempos são outros mais ainda há uma geração inteira nascida na Guerra Fria, e é difícil mudar de uma hora para outra, conceitos culturais e a visão do mundo de cada um, ainda mais de países fechados como costumavam ser os componentes da União Soviética. Porém a profundidade deste assunto foi colocada de lado e a ação foi toda posta em primeiro plano, e como falei em comentários anteriores, quando os efeitos especiais estão a serviço de si e não do filme, o negócio começa a desandar. Então tudo começa a deixar de ser crível e se passa a aguardar somente o momento em que Salt vai matar seus desafetos (se vingar, na verdade), salvar os EUA e ter um final inconclusivo sugerindo uma sequência, e eis que tudo isso aconteceu… Pelo menos vamos ver Jolie de novo, e isso sim, é uma boa notícia.

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