O Retorno (“The Return”)

Você acaba de entrar no cinema para assistir a “O Retorno” e, DO NADA, começa a passar uma novela da Record, no pior estilo de “Os 10 Mandamentos”, com a diferença dessa produção ser encabeçada pelos grande Ralph Fiennes do mais recente “Extermínio – A Evolução” e Juliette Binoche de “Quem Você Pensa que Sou”. Eles provavelmente foram tão enganados quanto a gente.

Inspirado última parte da obra “Odisséia” de Homero, o diretor italiano Uberto Pasolini fez o filme no modo Shopee e pega da parte onde Odisseu (ou Ulisses, o nome mais conhecido no Brasil) naufraga sozinho e direitinho na ilha de Ítaca 10 anos depois de sua ida para a guerra.

Se no início ele parece não saber quem é, logo após se entende que ele não quer entregar a sua identidade. Enquanto isso a rainha Penelope teme por sua vida e a de seu filho enquanto vários homens do reino a pressionam a casar com um deles, dando Odisseu por morto.

O roteiro não tá nem aí para explicações: como Odisseu chegou lá, como em apenas 10 anos ele mudou tanto a ponto de ninguém reconhecer O REI DE ÍTACA (na obra é diferente), porque ele não se revelou (ele dá uma razão ridícula e diferente da obra), e várias pequenas, porém essenciais questões que fazem toda a diferença na essência da história (saiba mais em curiosidades).

O resultado é um tremendo insulto à inteligência do espectador que ainda deve suportar um design de produção de quinta categoria, com figurinos saídos dos porões da Record (sério) e o elenco mais limpíssimo, com barba feita pelas lâminas mais modernas do reino.

De brinde ainda tem um erro de continuidade grotesco no último ato, onde limparam todo um cenário, deram banho no elenco, mas esqueceram do protagonista.

Se a obra “Odisséia” é cheia de subjetividades por ter sido transcritos através de cantos de Homero, “O Retorno” consegue piorar a história com decisões narrativas suicidas e inexplicáveis quando simplesmente bastava seguir o original. Virou motivo de chacota.

Curiosidades:

  • Este é o primeiro de dois filmes produzidos baseados na obra “Odisséia” de Homero esse ano. O segundo é dirigido por Chris Nolan, com grande elenco, e deve estrear em 2026.
  • Filmado na ilha de Corfu na Grécia.
  • Na obra original:
    • Odisseu chega escondido em Ítaca e com a ajuda de Eumeu, seu fiel porcineiro, se disfarça de mendigo para ninguém o reconhecer.
    • Ele faz isso porque o castelo está sitiado por mais de cem homens que poderiam mata-lo ao revelar-se.
    • Só que não o reconhece sem o disfarce é seu filho, Telêmacus, pois ainda era uma criança quando o pai viajou para a guerra em Tróia.
    • A falha de Homero (a Cesar o que é de Cesar) é que a Rainha Penélope não o reconheceu de cara. Na obra, nem depois que ele vence o concurso do arco, ela o reconhece. Ela só o reconhece após testá-lo com o segredo do leito conjugal construído em torno de uma oliveira (algo que só ele poderia saber).

Ficha Técnica:

Elenco:
Juliette Binoche
Ralph Fiennes
Charlie Plummer
Claudio Santamaria
Roberto Serpi
Chris Corrigan
Marwan Kenzari
Maxim Gallozzi
Francesco Dwight Bianchi
Jamie Andrew Cutler
Cosimo Desii
Alberto Boubakar Malanchino

Direção:
Uberto Pasolini

História e Roteiro:
John Collee
Edward Bond
Uberto Pasolini

Produção:
James Clayton
Paolo Del Brocco
Konstantinos Kontovrakis
Uberto Pasolini
Roberto Sessa

Fotografia:
Marius Panduru

Trilha Sonora:
Rachel Portman

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