Danny Boyle sendo Danny Boyle: a terceira (e não parece a última) parte da franquia iniciada em 2002, talvez seja a menos séria – em termos – e que oferece uma abordagem visual mais parecida com outros filmes de Boyle como “Transpotting” ou “A Praia” do que aquilo visto na própria franquia.
28 anos depois do surto do vírus da raiva somente Reino Unido está de quarentena (ignoraram que em “Extermínio 2” a França também foi infectada) e quem sobrou não pode sair. Nesse cenário encontramos um vilarejo que fica numa ilha isolada, onde apenas em algumas horas o dia, a maré forma um pequeno caminho para o continente.
Há uma tradição no vilarejo da passagem para a “vida adulta” onde o jovem vai acompanhado de seu pai para o continente matar seu primeiro infectado.
Aaron Taylor-Johnson de “Nosferatu” é Jamie pai de Spike (o ator mirim iniciante Alfie Williams) acha por bem levar seu filho, mesmo novo demais, para esse ritual. Quando eles chegam no continente, uma cadeia de eventos vai por suas vidas em perigo.
O roteiro vai por caminhos inesperados, talvez seguindo tudo o que o espectador não esperava (e talvez nem quisesse), assumindo uma posição mais intimista dentre os personagens, ao contrário dos filmes antecessores que tinham claramente uma postura mais épica.
Filmado inteiramente com iPhones, o diretor de fotografia Anthony Dod Mantle (“Meu Amigo Pinguim”) consegue tomadas impressionantes, muitas vezes com sons perturbadores como a marcha “Boots” que também faz parte do trailer.
Há sequências angustiantes, mas há uma em particular envolvendo a mãe de Spike no último ato – interpretada por Jodie Comer de “Clube dos Vândalos” – que talvez seja uma das mais emocionantes desse ano.
Daí entra Boyle com suas loucuras que quase sempre caem bem, salpicando um pouco de humor em algumas mortes extremamente violentes e do jeito que o povo gosta, fazendo analogias diretas com a idade medieval, até chegar no final, quando, do nada, parece encarnar Quentin Tarantino numa das sequências mais deliciosamente absurdas do gênero. Se alguém assistir só a essa cena, com certeza apontaria o dedo para Tarantino.
“Extermínio – A Evolução” só não é adrenalina pura porque com certeza está misturado com outras drogas. Ah, isso é um elogio.
Curiosidades:
- No trailer há um infectado que se parece muito com Cillian Murphy, mas o diretor Danny Boyle desmentiu dizendo que se surpreendeu com essa reação da platéia. Ironicamente Cillian Murphy é o produtor executivo do filme.
- O perturbador poema “Boots” escrito por Rudyard Kipling é destaque numa gravação feita em 1915 pelo ator Taylor Holmes e era usado na época pelo exército americano para simular situações de stress e tensão.
Técnica:
Elenco:
Alfie Williams
Aaron Taylor-Johnson
Jodie Comer
Ralph Fiennes
Christopher Fulford
Sienna Giblin
Amy Cameron
Stella Gonet
Geoffrey Austin Newland
Direção:
Danny Boyle
História e Roteiro:
Alex Garland
Produção:
Bernard Bellew
Danny Boyle
Alex Garland
Andrew Macdonald
Peter Rice
Fotografia:
Anthony Dod Mantle
Trilha Sonora:
Young Fathers
Uma resposta
O filme foi de total surpresa do início ao fim.
Esperando um confronto direto entre os zumbis e vilarejo ou uma tentativa de invasão, algo do tipo que nunca aconteceu.
A ida de um homem e uma criança em busca de nada concreto e com intuito de matar um ou mais infectados, torna-se ridículo, a loucura de voltar a sociedade no tempo, o soldado “perdido” ali, salvo a crítica social da aparência das mulheres, que achei bem interessante.
O drama mãe e filho é algo realmente tocante, foi bonito e delicado de ver e sentir, nesse momento esqueci que era um filme de zumbis, o “acordar” da criança para a vida é bem genuíno, …” uma criança perdendo a inocência num mundo contaminado”…, é forte e real.
Por fim os “ninjas” de zumbis, o que foi aquilo? Fiquei tentando fazer essa ligação e acreditando numa continuação.