Porque os cachorros latem para a direção de um espaço vazio quando não se tem nada lá? Essa é uma típica cena de filme de terror que já indica a presença de algo sobrenatural para os espectadores e para os personagens. Mas se essa presença ou assombração fosse toda entendida sob o ponto de vista do cachorro?
Com uma premissa inovadora dessas – onde o subgênero filme de pet, se desdobra em filme de terror de pet – seria possível fazer qualquer coisa. Para melhor ou pior, o cineasta estreante Ben Leonberg fez essa “qualquer coisa” e para isso utilizou seu próprio cachorro, Indy (sim, uma homenagem a Indiana Jones) e filmou em 400 dias durante quase 3 anos para se chegar ao resultado de uma produção de terror de 72 minutos (ser rápido também é uma vantagem).
Com um elenco desconhecido, a história fala de Indy e seu dono Todd, jovem com uma doença que ninguém entende bem e toma a imbecil decisão de ir morar com seu dog numa casa isolada e abandonada do seu avô que é conhecida pelas mortes da família e por ser assombrada. Poucos filmes começam com uma decisão tão suicida como essa.
Fato é que o cão Indy começa a sentir presenças estranhas que podem (ou não) estar agravando o estado de seu dono. Não ajuda muito o fato do personagem humano ser um chato insuportável, quase fazendo o público torcer para que ele morra logo.
Aí chegamos ao ponto central da produção: vale a pena ver o filme só por causa do cachorro? A resposta é um sim, pois Indy domina a tela com seu carisma e um olhar marcante e, como tudo é feito “na vera” (sem CGI), ele obedece a um comportamento canino ao invés de atitudes (sobre)humanas. Há uma boa construção de tensão onde o que não acontece dá mais medo ainda.
Por outro lado, não se entende muito bem o funcionamento da tal entidade, muito menos a relação dela com a doença de Todd (que se deu antes da mudança) e, mesmo uma boa reviravolta no final é pouco para compensar as cenas de “sonho” de Indy onde o diretor tenta equivocadamente equiparar a compreensão do cachorro a de um humano.
“Bom Menino” aproveitou uma brecha narrativa inédita e entregou um produto rápido o suficiente para o público não cansar, com um protagonista canino que literalmente carrega o filme, mas longe de ser uma experiência imperdível.
Curiosidades:
- Logo no início aparece em super close uma cena de “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida”. Obviamente uma homenagem ao nome do cachorro.
- Nenhum artista tem seu rosto mostrado até o último ato (sempre tem algo bloqueando ou atrapalhando a visão do espectador), com exceção dos que aparecem na TV. Isso foi para dar uma perspectiva de câmera visto do cachorro.
Ficha Técnica:
Elenco:
Indy
Shane Jensen
Arielle Friedman
Larry Fessenden
Stuart Rudin
Hunter Goetz
Anya Krawcheck
Direção:
Ben Leonberg
História e Roteiro:
Alex Cannon
Ben Leonberg
Produção:
Kari Fischer
Brian Goodheart
Ben Leonberg
Fotografia:
Ben Leonberg
Trilha Sonora:
Sam Boase-Miller





