A Chegada (“Arrival”)

“A Chegada” é uma espécie de “Interestelar”, só que na Terra mesmo. Mesmo assim tem um impacto tão forte quanto.

Quando 12 naves extraterrestres se postam em várias partes do mundo, a Dra. Louise (Amy Adams de “Batman vs. Superman”) é chamada pelas forças armadas americanas e junto com o físico Ian (Jeremy Renner de “Capitão América: Guerra Civil”) tentam descobrir as intenções dos aliens através de uma possível tradução da linguagem deles, um intrincado vocabulário hieroglífico circular. Tudo isso enquanto as nações do mundo ameaçam entrar em guerra com os visitantes, entrando do ciclo vicioso em que a ignorância desperta o medo, o medo desperta a raiva e a raiva desperta o ódio (se a frase lhe é familiar, veja “Star Wars“).

O diretor Denis Villeneuve vem numa escalada de filmaços passando por “Os Suspeitos”, “O Homem Duplicado” e “Sicário – Terra de Ninguém”, e agora definitivamente faz seu melhor filme até então provando uma surpreendente versatilidade.

Baseado no livro “A História de Sua Vida” de Ted Chiang, o Villeneuve adiciona o carisma de uma história não linear que ao mesmo tempo é uma ficção científica épica e um intimista drama onde Louise sofre com a perda de sua filha ao mesmo tempo em que tem uma importante missão que pode resultar na salvação do planeta. E a maneira como essas duas histórias se entrelaçam, com as lembranças da filha cada vez mais intensas ao passo em que a protagonista evolui na descoberta da linguagem alienígena é de fazer Christopher Nolan ficar com inveja ou ficar orgulhoso por – provavelmente – ter inspirado o roteirista através de “Interestelar”. Tudo isso porque não só porque há uma relação de causa e consequência entre uma trama e a outra, mas também porque mesmo sendo aparentemente tão distantes entre si, a toda hora o cineasta evoca uma em torno da outra sem parecer forçado. Pelo contrário: o espectador atento poderá perceber pequenas mensagens que vão preparar a reviravolta do terceiro ato, a qual é inteligente e faz todo sentido.

A trilha sonora de Jóhann Jóhannsson (parceiro de Villeneuve em seus filmes) é disruptiva para o gênero dando um ar etéreo para a ação, enquanto o elenco está correto, mesmo sem ter muito o que fazer devido a um roteiro tão bem elaborado e uma direção tão segura que seria difícil errar (e ter nomes como Adams e Renner só ajuda).

A Chegada” é uma das melhores histórias de 2016 em qualquer que seja um gênero e basicamente é um filme de alienígenas que fala sobre a escolha de amar incondicionalmente. É conseguir fazer uma mistura homogênea de água e óleo.

Curiosidades:
– A trilha sonora final de violino é palíndroma, isto é, é a mesma começando pelo início ou pelo final.
– O vocabulário alienígena foi desenvolvido por especialistas em linguagem e funciona de verdade.
– Há uma cena em que um militar diz que na Hungria existe uma palavra para quando alguém derrota o inimigo dividindo-o e fazendo-o lutar um contra os outros. A palavra é szalámitaktika e significa, Tática do Salame porque se divide o salame em pedaços menores.
– A frase que o general chinês fala para Louise no último ato é: “Na guerra não existem vencedores, apenas viúvas”.
– A sirene que toca antes do grupo entrar na nave é exatamente a mesma que toca em “Uma Noite de Crime” e suas continuações.
– No livro são 112 naves que chegam na terra. No filme o diretor optou apenas por 12 para dar um efeito de maior profundidade narrativa.

Ficha Técnica

Elenco:
Amy Adams
Jeremy Renner
Forest Whitaker
Michael Stuhlbarg
Tzi Ma
Mark O’Brien
Abigail Pniowsky
Ruth Chiang
Jadyn Malone
Nathaly Thibault
Anana Rydvald
Julia Scarlett Dan

Direção:
Denis Villeneuve

Produção:
Dan Levine
Shawn Levy
David Linde

Fotografia:
Bradford Young

Trilha Sonora:
Jóhann Jóhannsson

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