Resultado da promoção Ultima Parada 174!!!

Muito obrigado pelos comentários!!!

Sem mais delongas vamos aos felizardos que vão receber cada, um par de ingressos para Última Parada 174 !!!

1º Lugar: Daniel Garutti Eid
Cariacica – Espirito Santo

“Fica tranquilo que eu não sou Palmeirense!”

2º lugar: Jorisnaldo Ximenes
Belém – Pará

“Vamos todos rezar para o santo das causas impossíveis, o São McGyver!”

3º lugar: Roberta Siqueira
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro

“Acho que você tem ‘canos’ melhores pra brincar, certo?”

4º lugar: Suziane Ribeiro
Manaus – Amazonas

“Atira, mas aqui na gordura que tô precisando perder peso!”

Parabéns a vocês!!!

Agora vamos à segunda e última parte da entrevista com Bruno Barreto!!!

Sem dúvida, a reconstituição do seqüestro impressiona pelo realismo, pelo minucioso detalhamento da evolução dos acontecimentos.
A minha preocupação com a reconstituição foi tão grande que chamei o André Batista – policial que negociou com Sandro durante o episódio – para me assessorar em toda a seqüência, que tinha uma parte real e uma ficcional (nunca ninguém entrou naquele ônibus). Os esclarecimentos de Batista foram muito importantes. Ele explicou porque o atirador de elite do BOPE errou o alvo (Sandro) e acertou de raspão a refém: quando o alvo fixa o olhar no atirador, por melhor que ele seja, ele se desconcentra. E Sandro olhou o atirador no olho. Uma curiosidade: Batista é interpretado por André Ramiro, que interpretou o personagem André Matias, inspirado no mesmo André Batista, em Tropa de Elite. Ou seja, o mesmo ator interpretou o mesmo personagem em dois filmes.

A partir de que momento você optou por um elenco de atores desconhecidos, sobretudo entre os jovens?
Desde o início. Hoje em dia, a vida dos atores conhecidos é tão pública que se perde pelo menos a primeira meia hora de um filme até o espectador conseguir enxergar o personagem. Eu não queria nenhum tipo de ‘bagagem’ entre o público e os personagens, que são sempre a alma da história que estou contando. Em 18 filmes, foi a primeira vez que trabalhei com atores não-profissionais, ou de pouca ou nenhuma experiência. Fiquei tão entusiasmado que cheguei a pensar em não trabalhar mais com ‘profissionais’…

E como foi feita a escolha do elenco?
O Rio de Janeiro dispõe de grupos de formação de atores em muitas comunidades carentes, como o Nós do Morro. Os atores principais e figurantes são provenientes desses grupos, como o Michel Gomes (Sandro), Alê Monstro (Marcello Melo Jr.) e Soninha (Gabriela Luiz). Michel tinha 17 anos quando foi escolhido – gostei como ele alternava doçura e raiva no olhar e da forma lúdica com que encarava a representação. Depois de selecionado, eu soube que ele, ainda menino, tinha participado de Cidade de Deus. Já Alê Monstro (Marcello Melo Jr.), estréia no cinema e foi escolhido três semanas antes das filmagens – ele não participou das oficinas, foi direto para os ensaios. A preparação foi feita com um roteiro sem diálogos – eles eram estimulados a propor as falas – e era impressionante como as improvisações se aproximavam dos diálogos escritos.

E quanto aos atores profissionais?
Atores profissionais contracenando com não-atores é uma das armadilhas mais perigosas para um diretor. Não é à toa que cachorro e criança sempre roubam a cena. Quem não está atuando, mas sendo, sempre ganha. Cris Vianna (Marisa), Anna Cotrim (Walquíria), e Tay Lopes (Jaziel) enfrentaram esse desafio com muita coragem e, sobretudo paciência, se dispondo a participar de todas as oficinas com os atores não profissionais. Só assim consegui que todo o elenco estivesse na mesma clave.

Como foi trabalhar com o diretor de fotografia francês Antoine Heberlé em um filme que retrata uma realidade tão brasileira, filmado nas locações reais em que a história aconteceu?
Eu nunca havia trabalhado com um diretor de fotografia tão afinado com a história e os personagens. Eu fotografei todos os meus curtas e operei a câmera nos três primeiros longas que dirigi. Só parei quando pude acompanhar o que estava acontecendo no quadro através do monitor de vídeo. Mesmo assim continuo operando a câmera em todos os meus filmes sempre que a situação permite. Isto gera uma intimidade maior com os atores. Reconheço que sou muito exigente com os fotógrafos, mas isto só ocorre porque sei exatamente o que estão fazendo. O ponto de partida para a iluminação vinha sempre do personagem, da intensidade do momento. Para Antoine, a fonte de luz sempre vem do coração e não de uma janela ou situação geográfica. Não foi um trabalho fácil – houve cenas com muitos figurantes, bastante improvisadas. Considero seu trabalho excepcional – uma fotografia aparentemente naturalista, mas intensamente trabalhada e integrada à dramaturgia. Foram oito semanas de filmagem, entre julho, agosto e setembro de 2007, e utilizamos simultaneamente duas câmeras super-16mm.

Alguns filmes brasileiros recentes falam de violência urbana – como Cidade de Deus e Tropa de Elite. Que relação ÚLTIMA PARADA 174 estabelece com esses filmes?
ÚLTIMA PARADA 174 é narrado exclusivamente do ponto de vista dos personagens. Eu queria que o tom épico do filme viesse sobretudo dos sentimentos dos personagens e não da maneira de filmar. Um épico intimista. Nos filmes mencionados, os personagens são mais arquetípicos, a direção mais extrovertida. Gosto muito desses filmes, mas eu diria que são expressionistas – as personagens são olhadas de fora para dentro. Eu quis fazer um filme impressionista.

ÚLTIMA PARADA 174 é seu 18º longa-metragem, que inclui marcos do cinema brasileiro como Dona Flor e Seus Dois Maridos (1974), até hoje, recorde de bilheteria, e O que é isso companheiro, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Qual a relação que você estabelece entre ÚLTIMA PARADA 174 e seus filmes anteriores?
Gosto especialmente de Romance da Empregada e Carried Away. Talvez eu venha a incluir ÚLTIMA PARADA 174 entre meus preferidos. Só o tempo dirá. Sempre preciso de alguns meses para julgar o filme que acabei de fazer. Mas uma coisa está bem clara: filmei com a liberdade de quem está fazendo o primeiro filme. Após 18 longas, sei que o maior perigo da experiência é engessar a liberdade de criação. Acho que com ÚLTIMA PARADA 174 consegui resgatar essa liberdade – filmei de uma maneira bem solta, abri espaço para improvisação, sobretudo com os atores. Foi uma experiência fascinante.

Em sua filmografia, você alterna dramas e comédias, entre elas seus dois últimos filmes feitos no Brasil – O Casamento de Romeu e Julieta e Caixa Doi$. Como foi voltar a um drama?
ÚLTIMA PARADA 174 é um projeto anterior a O Casamento de Romeu e Julieta, e na verdade, sempre transitei entre os dois gêneros: Amor Bandido depois de Dona Flor, Bossa Nova depois de O que é isso, companheiro?, por exemplo. Na verdade, não acho que os gêneros sejam tão estanques – sempre procurei o drama na comédia e o humor na tragédia. ÚLTIMA PARADA 174 tem momentos engraçados. O que me interessa é o comportamento humano – na comédia ou na tragédia, gêneros que andam de mãos dadas.

Em 2000, você realizou uma das odes mais românticas já feitas ao Rio de Janeiro, com Bossa Nova, embalado por música de Tom Jobim. Oito anos depois, você apresenta o oposto daquela situação, com ÚLTIMA PARADA 174.
Os dois lados são verdadeiros. No Rio, a beleza da paisagem e o lirismo da Bossa Nova convivem com os dramas diários dos personagens de ÚLTIMA PARADA 174. De certa forma, também tenho essa dualidade: um lado leve, assumidamente romântico e lúdico. O outro, tragicamente intenso, impulsivo, violento. Acho que se poderia dizer que eu e o Rio temos muito em comum.

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