Woody Harrelson, indicado ao Oscar deste ano por “Três Anúncios Para Um Crime” arrasa como Wilson, um cara de meia idade que não tem o mínimo de senso de ridículo, extremamente inconveniente e chato, além de ter convicções retrogradas e pouco ortodoxas. Tanto que ele praticamente não tem amigos.
Quando ele encontra sua ex-mulher, Pippi (Laura Dern de “Pequena Grande Vida”), descobre que tem uma filha que fora adotada por outro casal e tenta entrar em contato com ela, o que vai gerar confusões que nem ele imaginaria.
O diretor Craig Johnson do ótimo independente “Irmãos Desastre” fica mais conservador e pega um roteiro burocrático que, apesar de ter uma interessante corrente de eventos, não faz refletir (não que seja uma obrigação) e confia na atuação de Harrelson para passar por tudo deixando o espectador interessado.
De certa forma funciona: o protagonista não cansa e faz o público ter sentimentos conflitantes, o que é um grande avanço para uma comédia dramática que bate na mesma tecla. E é o improvável carisma de Wilson que faz a gente se preocupar sempre que ele se aproxima de alguém, pois há grandes chances de ele ser merecidamente rechaçado. O que talvez crie mais afinidade é o fato de em menor ou maior grau existem pessoas sem filtro como ele que falam o que pensam sem se atentar às consequências, principalmente quando as opiniões são polêmicas e/ou divergentes. Por isso, o diretor dá um jeitinho de mudar o contexto no desfecho – um golpe baixo, diga-se de passagem – para causar uma falsa impressão de final feliz.
Se o filme funciona é por causa de Woody Harrelson que não só exala carisma, como também mostra que todo mundo tem um pouco de Wilson dentro de si.
Ficha Técnica
Elenco:
Woody Harrelson
Laura Dern
Judy Greer
Brett Gelman
Mary Lynn Rajskub
Toussaint Morrison
Richard Ooms
David Warshofsky
Margo Martindale
Roxy Wood
Greta Oglesby
Bruce Bohne
James Saito
Direção:
Craig Johnson
Produção:
Jared Goldman
Mary Jane Skalski
Fotografia:
Frederick Elmes
Trilha Sonora:
Jon Brion
