Victor Frankenstein

Victor Frankenstein” parece ser uma colagem de tudo o que já se viu em se tratando de reimaginação de personagens icônicos. É como se o diretor Paul McGuigan (“Heróis”) tivesse lido uma espécie de manual de como fazer. Por exemplo, sequência de abertura em que o ainda corcunda Igor (Daniel Radcliffe de “Amaldiçoado”) conhece o jovem excêntrico Victor Frankestein (o também jovem Professor Xavier James McAvoy) e promove uma fuga do circo onde Igor trabalha parece ter saído diretamente de “Sherlock Holmes” de Guy Ritchie. Daí pra frente, o estilo do filme fica irregular como se o diretor copiasse cada sequência de um filme diferente.

Mostrando a intrincada relação entre dois gênios a narrado pelo personagem de Radcliffe, a produção parece esquecer de aspectos básicos de sua concepção: a motivação de Victor de criar a vida por conta de um evento da sua infância parece ter sido colocado no roteiro de qualquer jeito, visto que no último ato, sua “criação” parece ser rapidamente descartada do emocional do personagem sem motivo aparente e até mesmo a última cena mostra que o assunto não fora bem resolvido. E falando em criação, esse tipo de lacuna no roteiro se torna cada vez maior, como naquele mesmo ato, o espectador fica sem fazer idéia de como a criatura foi criada, o que seria uma parte essencial da narrativa que é colocado pra trás.

Conduzido com desleixo, os roteiristas deslizam até mesmo nas cenas mais simples, quando mostram o Inspetor Turpin (Andrew Scott de “007 Contra Spectre”) chegando num castelo que estaria fortemente guardado sem nenhuma resistência, enquanto minutos antes Igor tivera que se desviar de toda a guarda e passar muito tempo escalando um muro (percebam que nem a noção temporal o filme teve).

O grande destaque do filme são seus protagonistas, com VcAvoy ligado no 220V e Radcliffe procurando e acertando cada vez mais em papéis inusitados, mesmo com suas limitações. O próprio Andrew Scott faz uma excelente composição de seu personagem obcecado religiosamente sem cair em exageros e maneirismos.

Victor Frankenstein” tem personagens carismáticos, mas carece de ritmo, boa dinâmica e polidez no roteiro, sendo facilmente esquecido. Aliás, a melhor contribuição é finalmente ensinar que Frankenstein sempre foi o nome do cientista e não do monstro.

Para uma adaptação cinematográfica definitiva, assista a “Frankestein” de 1991 com Kenneth Branagh e Robert de Niro.

Curiosidades:
1. Na obra original de Mary Shelley, Frankenstein, o personagem Igor nunca existiu.

2.(SPOILER – Passe o mouse para ler): O desfecho conclui que o monstro no fim do filme não era aquele da obra de Mary Shelley, mas sim uma primeira tentativa. O que faz com que o filme seja uma espécie de prequel dos eventos de Frankenstein.

Ficha Técnica

Elenco:
Daniel Radcliffe
James McAvoy
Andrew Scott
Jessica Brown Findlay
Bronson Webb
Daniel Mays
Robin Pearce
Callum Turner
Eve Ponsonby
Freddie Fox

Direção:
Paul McGuigan

Produção:
John Davis

Fotografia:
Fabian Wagner

Trilha Sonora:
Craig Armstrong

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