Vice

Porque um brasileiro veria “Vice”, sobre a vida e carreira de um vice-presidente (nem foi presidente) americano? Primeiro pelo fator histórico: Dick Cheney fez carreira na Casa Branca desde a década de 70 como Chefe de Gabinete, mas sua grande “contribuição” (entre aspas mesmo) foi como vice-presidente do governo de George W. Bush onde dava as cartas pelos bastidores, tendo sido decisivo em momentos emblemáticos da história como a guerra ao terror, a invasão ao Iraque e até mesmo a criação da ISIS.

Segundo porque, se em “A Grande Aposta” o diretor Adam McKay expôs os mecanismos que regem o mercado imobiliário e o que o levou ao estouro da maior bolha econômica dos últimos tempos, em “Vice” ele mostras as entranhas da política e todas as engrenagens que a movem, o que pouquíssimo diferente do que acontece no Brasil. Inclusive em muitas situações, é capaz do espectador identificar fortes semelhanças com a máquina de governo nacional.

E terceiro porque é um filmaço. O elenco nem se fala: Christian Bale de “Cavaleiro de Copas” está irresistível e irreconhecível como o protagonista e congressista americano. Tudo, desde o sotaque, trejeitos, mudança corporal (engordou horrores) e até mesmo conhecimento das leis fez parte do treinamento para personificação de Cheney que vai para o Oscar mais que merecido. Amy Adams de “A Última Canção” surpreende em talvez uma de suas melhores atuações, enquanto Sam Rockwell de “Três Anúncios Para Um Crime” simplesmente é George W. Bush em carne e osso com uma maquiagem perfeita e uma performance melhor ainda. Não é a toa que todos são indicados para as principais premiações do cinema em 2019.

O diretor continua com seu estilo peculiar de quebrar as barreiras do cinema convencional, o que torna um drama político que poderia ser moroso em um produto dinâmico e com o humor na pedida certa. Com um estilo altamente visual, as edições são ótimas onde um personagem pensa em algo e o espectador rapidamente visualiza na tela ou até mesmo um final falso para um recomeço, as idas e vindas no tempo que justificam atos futuros e até mesmo a quebra no quarto muro no final com um monólogo brilhante.

São muitas nuances, desde a sensacional sacada da narração em off até mesmo a hilária cena pós créditos sobre a franquia “Velozes e Furiosos“!

Vice” é uma aula de política, cinema e atuação. Não deve faturar a principal estatueta, mas está nas cabeças.

Curiosidades:

– Adam McKay teve um ataque cardíaco no meio do set. Como para fazer o papel de Cheney, Christian Bale estudou as particularidades de um enfarto, ele acabou ajudamndo a salvar a vida do diretor.
– McKay pediu para que gravassem a cirurgia de colocação de um stent em seu coração após o enfarto e essa cena está no filme! Ele depois brincou que foi sua participação especial.
– Primeira vez que Bale usa uma nutricionista para mudança de peso. Ele já engordou e emagreceu em vários filmes, mas sem ajuda de ninguém. Dessa vez ele queria fazer de forma saudável por conta da idade.
– Amy Adams ficou no personagem durante todas as filmagens, inclusive tendo debates políticos com o diretor, colegas e equipe de filmagem.
– Christian Bale e Dick Cheney fazem aniversário no mesmo dia: 30 de janeiro.
– Quando Bale ganhou o Globo de Ouro de melhor ator ele agradeceu ao diabo pela oportunidade de interpretar esse papel.

Ficha Técnica

Elenco:
Christian Bale
Amy Adams
Steve Carell
Sam Rockwell
Alison Pill
Eddie Marsan
Justin Kirk
LisaGay Hamilton
Jesse Plemons
Bill Camp
Don McManus
Lily Rabe
Shea Whigham
Stephen Adly Guirgis
Tyler Perry

Direção:
Adam McKay

Produção:
Megan Ellison
Will Ferrell
Dede Gardner
Jeremy Kleiner
Adam McKay
Kevin J. Messick
Brad Pitt

Fotografia:
Greig Fraser

Trilha Sonora:
Nicholas Britell

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