Geralmente a estratégia de uma produção de cinema baseada em algo mais de nicho – como um determinado jogo de videogame – é tornar a história o mais palatável possível para que um público maior possa consumi-la.
Não foi este o caso: somente aqueles jogadores de Minecraft irão entender as partes mais relevantes do filme onde Jack Black interpreta o protagonista Steve (que eu não sabia, mas é um personagem do jogo), no mesmo modo transloucado do Jack Black de qualquer um de seus filmes anteriores, passando por “Jumanji” até “Querido Papai Noel”.
Dirigido por Jared Hess acostumado a trabalhar com filmes alternativos esquisitos como “Don Verdean”, ele não perde tempo em explicar o universo de Minecraft e já começa com uma introdução rápida como Steve descobriu o mundo de Minecraft e daí tudo o que aparece no decorrer do filme, já deve ser entendido como parte do jogo, por mais absurdo que seja.
Passado na década de 80, a história traz o “Aquaman” Jason Momoa num bom timing cômico como Garret, um ex-jogador de vídeo game fracassado que se junta com dois irmãos e uma corretora e acabam indo parar na dimensão de Minecraft e encontram Steve tentando derrotar uma tal rainha Mangosha e para isso precisam de um orbe mágico.
Talvez o único ponto em que os jogadores de Minecraft – que pertencem a uma geração mais recente – não vão entender é a ótima trilha sonora escolhida por Mark Mothersbaugh (“O Urso do Pó Branco”) que aproveita o melhor do rock e new wave dos anos 80 e 90 indo de The B-52s até Skid Row.
Por incrível que pareça, o maior problema narrativo não é os elementos do game que são desconhecidos para o incauto espectador, mas sim todo o resto, já que as piadas, em sua maioria, são sem graça (salvam-se duas piadas ótimas), não há nenhum esforço do roteiro de situar o público por fora do game, os efeitos especiais variam entre o excelente, passando por absurdos de mentiras típicas da franquia “Velozes e Furiosos” – mas que muitos vão dizer que estamos numa dimensão “mágica” então é tolerável – até chegar em pessoas em fantasias de bonecos que chega a ser constrangedor.
Chega a um ponto em que a gente simplesmente tem que aceitar e torcer pelo melhor. Em “Um Filme Minecraft” esse melhor talvez chegue para os jogadores de plantão, mas quem não sabe por onde passa o game, também deve passar longe do filme. Há duas cenas pós créditos. Uma delas só quem estiver por dentro do jogo vai entender.
Curiosidades:
- O Garret na adolescência é interpretado pela atriz transgênero Moana Williams. Ou seja, um homem que se identifica como mulher interpretando um homem.
- A personagem que aparece na cena pós créditos já tem uma atriz escolhida para o papel numa possível continuação. Será a comediante Kate McKinnon e terá um dos papéis centrais. Porém para fazer mistério no filme, escolheram uma dublê que não mostra o rosto, a desconhecida atriz Alice May Connolly.
- O diretor faz uma participação narrando o porquinho General Chungus.
Ficha Técnica:
Elenco:
Jason Momoa
Jack Black
Sebastian Hansen
Emma Myers
Danielle Brooks
Jennifer Coolidge
Rachel House
Bram Scott-Breheny
Moana Williams
Jemaine Clement
Hiram Garcia
Jared Hess
Direção:
Jared Hess
História e Roteiro:
Chris Bowman
Hubbel Palmer
Neil Widener
Gavin James
Chris Galletta
Produção:
Jon Berg
Cale Boyter
Vu Bui
Roy Lee
Jill Sobel Messick
Jason Momoa
Mary Parent
Torfi Frans Ólafsson
Fotografia:
Enrique Chediak
Trilha Sonora:
Mark Mothersbaugh