Thelma

Enquanto os americanos insistem em fazer regravações e reciclagens de filmes que agora são a cara dos mutantes como “Chamas da Vingança”, o cineasta norueguês Joachim Trier, que nos presenteou com um dos indicados a melhor filme estrangeiro deste ano “A Pior Pessoa do Mundo”, fez antes deste filme, uma abordagem muito mais original e pesada desse tema do que é descobrir ser diferente.

Há algo errado com Thelma e isso já se confirma logo na primeira e aterradora cena quando ela era criança. A sequência inicial que consegue ser sutil e ao mesmo tempo ter um forte impacto já diz a que veio a produção.

A desconhecida atriz Eili Harboe interpreta Thelma na adolescência que, fruto de uma família muito religiosa, vai para a cidade grande fazer faculdade. É quando começa a ter ataques epilépticos e descobrir que ela pode ser portadora de algum tipo de poder.

O roteiro consegue combinar muito bem os temas de religiosidade versus pecado versus o desabrochar para a fase adulta e embalar tudo isso numa história de suspense com ficção sem precisar ser comercial e usar a carta do mutante, sendo este desenvolvimento muito mais natural, principalmente na autoconsciência da protagonista.

O diretor acerta em centralizar na própria Thelma a investigação de seus tais poderes e de suas atormentadas lembranças e que a guiam juntamente com o espectador nessa espiral de suspense e que desemboca no terceiro ato que tem pequenos clímaces ao invés de um só e não precisa de reviravoltas para se manter com um alto nível de tensão.

Aliás, há muito mais força na trilha de Ola Fløttum (parceiro de Trier em seus filmes) e nas caprichadas edições do que necessariamente em efeitos especiais mirabolantes que aqui são simples e discretos.

“Thelma” é acima da média por sair do lugar comum de um tema tão explorado e se desdobrando numa jornada de autodescoberta dramática que é mais forte do que os efeitos e sustos de sempre. Recomendado!

Curiosidades:

  • A atriz Eili Harboe estudou na mesma universidade onde parte do filme foi feito.
  • O nome Thelma vem da origem grega “Thelema” que significa desejo ou desejo divino.
  • Os artistas Ellen Dorrit Petersen e Henrik Rafaelsen que interpretam os pais de Thelma já interpretaram novamente um casal no filme “Blind” de 2014.

Ficha Técnica:

Elenco:
Eili Harboe
Kaya Wilkins
Henrik Rafaelsen
Ellen Dorrit Petersen
Grethe Eltervåg
Marte Magnusdotter Solem
Anders Mossling
Vanessa Borgli
Steinar Klouman Hallert
Ingrid Giæver
Oskar Pask
Gorm Alexander
Camilla Belsvik
Martha Kjørven
Ingrid Jørgensen Dragland
Lars Berge
Vibeke Lundquist

Direção:
Joachim Trier

Produção:
Thomas Robsahm

Roteiro:
Eskil Vogt
Joachim Trier

Fotografia:
Jakob Ihre

Trilha Sonora:
Ola Fløttum

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