Quando saí do cinema após “Coringa – Folia à Dois”, desejei que esse filme não tivesse existido de tão medonho que foi, para me deixar apenas com a lembrança do sensacional “Coringa”. Ao sair da sessão de “Sorria 2”, tive o sentimento inverso: gostaria que o primeiro não tivesse existido. Não que “Sorria” foi horrível. Por dois motivos:
- A continuação “Sorria 2” foi muito melhor trabalhada seja em matéria de trama, seja em matéria de terror e sustos.
- “Sorria 2” traz poucas novidades na história em relação ao primeiro, o que o torna uma peça muito bem feita, mas um tanto repetitiva.
Só não dá para desejar mesmo que o primeiro não tivesse existido, porque a cena que faz a conexão entre os dois, logo no início é, sem dúvida, uma das sequências de todo o filme, impecavelmente num efeito “one take” de tirar o fôlego.
A partir daí, conhecemos a vítima da vez é a cantora Skye Riley (Naomi Scott de “As Panteras”) que após uma pausa de 1 ano na carreira devido a um acidente envolvendo drogas, volta em turnê e, numa visita a um amigo em busca de relaxantes musculares, acaba testemunhando aquele suicídio com a cara risonha e passa a ser a próxima na fila da entidade maligna.
Já começa com um diferencial o fato da personagem ser famosa, o que faz com que a dinâmica da entidade tenha que se adaptar e daí começamos a entender melhor seu modus-operandi, coisa que ainda tinha ficado muito vago no filme antecessor.
A sua natureza também é algo que começa a ser desvendada e se coloca como algo diferente do que o gênero de terror geralmente impõe como espíritos malignos ou demônios.
Mas para por aí: todo o resto de interessante que a produção tem é repetir a história anterior só que com muito mais desenvoltura, excelentes sustos, uma carnificina que chega perto de “A Substância” com efeitos especiais de cair o queixo (literalmente) e uma trilha sonora perturbadora. É como se o diretor Parker Finn – também responsável pelo antecessor – tivesse acordado, junto a equipe e dito: “Posso fazer o primeiro de novo, só que bem melhor”.
O que acontece na verdade é que a força do capitalismo faz com que se revele o mínimo e se deixe a porta aberta para mais continuações, arrecadando assim o máximo. Geralmente, quando dá certo (esse até foi um caso), não passa da primeira continuação até começar a se degradar, ao invés de ter uma solução definitiva.
“Sorria 2” é a mesma história, só que muito turbinada e com um pouquinho de conteúdo a mais. Definitivamente melhor que o primeiro.
Curiosidade:
- O personagem de quem a protagonista “contrai” a entidade se chama Lewis Fregoli. O sobrenome vem da Síndrome de Fregoli que é um distúrbio psicológico onde a vítima acredita que várias pessoas são uma pessoa só disfarçada, que é basicamente o mecanismo da entidade de “Sorria”.
Ficha Técnica:
Elenco:
Naomi Scott
Rosemarie DeWitt
Raúl Castillo
Kyle Gallner
Dylan Gelula
Miles Gutierrez-Riley
Drew Barrymore
Delphi Harrington
Direção:
Parker Finn
História e Roteiro:
Parker Finn
Produção:
Marty Bowen
Parker Finn
Wyck Godfrey
Isaac Klausner
Robert Salerno
Fotografia:
Charlie Sarroff
Trilha Sonora:
Cristobal Tapia de Veer